quinta-feira, 7 de março de 2019

Negociata em cemitério



          Prantear o morto é um costume antigo. Sempre   são lágrimas sinceras, seja pela falta afetiva, financeira, gratidão, por entender que o paciente  terminal esteja sofrendo e o retorno aos braços do Pai Celestial é o melhor para ele e também  há o pranto de  alívio, por   finalmente, livrar-se de um estrupício, da ovelha, aquela responsável por todas as mazelas familiares, este, ninguém assume e ainda lamenta em público que o finado  não teve  a oportunidade para  criar juízo e mudar de vida. Cada cultura tem um ritual próprio para despedir–se do defunto. Enquanto uns choram outros  enfrentam   a burocracia  do hospital  para a liberação do corpo, e os acertos de propina com a funerária e cemitério.
          Chocante! Porém verdadeiro.  Em um momento que a  família está fragilizada com a perda inesperada ou exausta em virtude de um longo tratamento ainda ter que passar pelo constrangimento de lidar com a máfia dos cemitérios e com urgência porque defunto  tem data de vencimento rápida é lastimável! Para confirmar os relatos de  parentes e amigos, fez-se uma rápida pesquisa na internet e  foram encontradas inúmeras reportagens a respeito do tema; segue uma pequena amostra de manchetes:

*Família acusa funcionário de pedir propina em funerária

Fonte: Agora São Paulo, 04-03´2019;

 

* Coveiros cobram taxa extra para manutenção em túmulos no Cemitério da Paz  - População denuncia ainda falta de limpeza no local. Fonte: R7´2015

 

* Fiscal da Prefeitura do Rio é suspeito de cobrar por venda ilegal de túmulo - Servidor receberia propina para permitir atuação de quadrilha. Venda de sepulturas clandestinas ocorre em cemitérios da Santa Casa.Fonte: G117/01/2014;


*Famílias se dizem ameaçadas em cemitérios públicos de São Paulo -Viúva reclama do desaparecimento de lápide por não contratar serviço. -  Coveiros chegam a receber propina de jardineiros.Fonte: G1- 01/11/2011;


* Chefe da Divisão de Cemitérios de Curitiba pede R$ 4 mil para colocar interessado em primeiro lugar na fila Fonte: Folha Cidades- 2002;

          O que deves ser feito para acabar com a corrupção do serviço funerário? Em muitos casos, o esquema  inicia-se já no preenchimento do atestado de óbito, liberação do corpo, passa pela  floricultura, funerária e finalmente, no sepultamento. Multas,  exonerações e prisões, nada disso terá um resultado positivo e definitivo, se  a família, igreja, a comunidade e estado não se empenharem em formar seres humanos melhores. Caso contrário, apenas  haverá uma trégua até a poeira abaixar e as negociatas renascerão com mais força.


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