quarta-feira, 6 de março de 2019

Saldo de carnaval



          Acabou o carnaval! É o momento de uns contabilizar os lucros, outros, prejuízos e há também os que comemoram, como  os integrantes da  escola de samba paulistana Mancha Verde  campeã  pela 1ª vez, com   um enredo que   narra a saga da princesa africana Aqualtune  (século XVII), que foi vendida  como escrava reprodutora  para dar origem a novos cativos em uma  fazenda  do município de Recife, P.E.  Embora tenha  exercido um papel importante na luta contra a  escravidão, não recebeu dos historiadores, o valor que lhe é seu por direito, como o trabalhador braçal e anônimo, responsável pelo sustento da nação e que, após o feriado prolongado das festividades carnavalescas, na quarta-feira de cinzas, com  o corpo cansado retorna à labuta pelo seu pão de cada dia.
          Os foliões do bate e volta, que levaram mais tempo  na viagem do que  descansando, deitados na areia quente  da praia sob um sol escaldante, tentam todas as panaceias recomendadas por familiares e amigos, na vã tentativa de amenizar as queimaduras porque precisam  retornar ao trabalho. Já os que conseguiram alugar uma  pequeno e desconfortável apartamento no litoral, apesar das fortes dores  nas costas, não  podem repousar, precisam desfazer as  malas, tomar um analgésico porque apresentar ao patrão, um atestado médico  pós feriado, definitivamente não é uma boa ideia,  é quase um pedido de demissão por justa causa. Ainda há, aqueles integrantes de todas as tribos, que foram vítimas de bandidos e tiveram seus celulares subtraídos, lotam as  Delegacias  para fazerem o Boletim de Ocorrência e  as  lojas especializadas para  comprar outro aparelho em prestações a perder de vista.  A turma dos dendicasa, estes sim, estão eufóricos para retornar à  rotina e  os integrantes de todos os blocos se preparam para a Missa das Cinzas.
          Após alegrias e tropeços do carnaval, é hora e ir a Igreja  renovar as energias e pedir proteção. Após o trabalho, vão assistir a Missa das Cinzas, data em que o celebrante   discorre sobre a fragilidade da vida humana, orienta sob a importância do jejum e de abdicar da carne, durante os quarenta dias da quaresma, o que em um momento que se discute a pegada hídrica do bife,  vale a pena seguir  esta tradição. Para finalizar  o ritual, o Padre, utilizando as cinzas  provenientes  da queima dos ramos abençoados no Domingo de Ramos do ano anterior, umedecidas com água benta  faz uma cruz na testa dos fiéis   proferindo as palavras tradicionais; a fé se renova  e com ela a energia necessária para mais um ano de lutas e incertezas. É preciso acreditar e lutar! Sabiamente a Conferência Nacional dos Bispos, lançou como tema da Campanha da Fraternidade/2019  “Fraternidade e políticas públicas e o lema, “Serás libertado pelo direito e pela justiça”. E justiça é o que o trabalhador brasileiro precisa!


         


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