Rita vivia feliz em seu pequeno mundo, um
casebre na periferia da cidade, rodeado de árvores, que foram
plantadas bem antes de seu nascimento e, como toda criança paupérrima, que nunca ganha um brinquedo, não frequenta escola
infantil e, os pais nunca tem tempo para dialogar com seus filhos, fez amizade
com uma frondosa paineira que, ao
entardecer, sombreava sua residência amenizando o calor nas tardes quentes de
verão. Era sua amiga, confidente e seu
apoio após violentas broncas de seus genitores.
Seus
pequenos e curiosos olhos não pousavam demoradamente em
outras árvores, menos ainda na vegetação
rasteira porque nunca se cansavam de
apreciar a transformação da paineira no decorrer das estações do ano. Durante a
florada, em seus trinta metros de altura,
o roxo de suas flores era avistado a
grandes distâncias e Rita passava várias horas
fazendo coroa de flores, ouvindo o
canto das pássaro ou apenas apreciando o
momento, sem consciência
da vulnerabilidade de sua condição, sem preocupação com o futuro; nada conhecia além
das redondezas.
Os
frutos da paineira são uma espécie de cápsulas, que envolve as sementes e uma fibra fina e branca, Esta cápsula rebenta
e a paina, como é conhecida popularmente a fibra, flutua e cai formando um belo
tapete branco e Rita adorava rolar no chão doravante macio, simplesmente vivia o
momento á sombra de sua amiga e confidente. Era feliz! Em uma noite, um
ventania nunca vista antes, arrancou a velha árvore que
tombou sobre a rua e atingiu vários barracos e a pequena acordou
com os gritos de desesperos dos vizinhos
e atômica, via os galhos de sua planta
amada serem cortados e ouvia as piores blasfêmias das pessoas que sofreram prejuízos
decorrentes da queda do arbusto. Foi
assim que a pequena conheceu a dor de dizer adeus!
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