Se
alguém algum dia pensou que ser mulher é
fácil é porque não conhece a complexidade do universo feminino a variação de
seus hormônios e as fases da lua que
interferem no humor do mulherio e
as suas fantasias desde a mais tenra idade e que vão se transformando com o decorrer dos anos e
com o aval dos pais, padrinhos, tios e
avós. A
menina ainda nem viu a luz do sol e já é a rainha do lar, a princesa do
papai e esta alcunha a acompanha até aproximadamente aos oito ano de idade, assim ela se vê porque os
adultos lhe repetiram
milhares de vezes, mesmo que ela
não tenha ideia do que seja uma
princesa, sente-se orgulhosa. Com a audição
de história de contos de fada, e a tentativa dos responsáveis para educa-la
de acordo com as regras de etiqueta
social, de princesa ela passa a ser a Cinderela a espera de um príncipe
encantado, algo bem abstrato para a mente infantil, porém, ela se sente
feliz no universo característico da
primeira infância.
Ao
entrar na puberdade com surgimento dos hormônios, o frágil castelo de sonhos se
desmorona, já não é mais a princesa do papai,
é repreendida em noventa por cento
de suas ações, o corpo em constante transformações e as malditas
espinhas teimam em aparecer, umas competindo com as outras em tamanho e resistência a todos os tipos de tratamentos; antes uma pele de pêssego, agora,
parece as costas dos sapos. Sente-se
horrorosa e acredita que o universo conspira contra ela, sonha com o seu
primeiro amor e teme nunca encontrá-lo
em virtude de sua aparência.- Sou tão feia quanto uma bruxa, lamenta em frente ao espelho!
Com
a maioridade espera-se que a mulher esteja mais calma. Ledo engano! É o momento dela ingressar no mercado de
trabalho, namorar e entrar na
universidade e nunca está satisfeita
com a sua aparência. Um dia se olha no espelho e se acha gorda, em outro, muito magra e com olheiras. Se o
cabelo é longo quer cortá-lo, se é liso quer cacheá-lo, umas se acham muito altas, outras muito baixas, e usam de
todos os artifícios disponíveis no mercado em busca da beleza ideal, sem questionar o
que de fato é uma mulher bonita.
Aos
quarenta anos o corpo já passou por outras transformações características da
idade e da maternidade. A prioridade agora são os filhos e, embora insatisfeita com a sua aparência,
começa a valorizar suas outras qualidade e se preocupa em ser exemplo para a
prole, já que não pode evitar que ela passe pelas dores que um dia foram suas.
Com
meio século de vida, netos a caminho e
muita experiência acumulada, não se
preocupa em se enquadrar em um padrão de beleza ideal,
aceita seu corpo, sua preocupação agora é
em manter um estilo mais elegante e em
cuidados corporais porque a lei da gravidade chega para todas, independente do
poder aquisitivo.
Lá
pelos sessenta anos e com a perda de várias
pessoas que fizeram parte de sua infância e juventude, passa a se preocupar
mais com a sua saúde e os cabelos
brancos já não lhe apavora mais. Está feliz por estar viva!
Após
os setenta anos, vê a sua vida se renovar
com a chegada dos bisnetos, está mais sábia, agora é a conselheira
familiar, a que faz rir os jovens com as
histórias de sua juventude e finalmente acredita ter encontrado a felicidade ao ver a
sua missão cumprida e já se prepara para
partir com o coração sereno,
mesmo acreditando ser cedo demais.
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