sábado, 16 de março de 2019

Tarde solitária


 Tarde  solitária         
Viajar com pouco dinheiro, sem hospedagem grátis em casa de familiares  ou amigos,  pode - se dizer que  é uma experiência enriquecedora porque o viajante, por forças das circunstâncias, é obrigado a conhecer a cultura local, os hábitos do povo, a sua música, sua  gastronomia, o comércio popular  e suas festas religiosas, o que de fato  identifica  um povo, embora não seja o que o vivente deseja postar em suas redes sociais.
Celina  se aventurou em conhecer a capital paranaense e estava meio triste porque não podia assistir  a uma peça de teatro, ir ao cinema, jantar em um sofisticado restaurante, fazer compras no  shopping. Silenciosa e segurando bem a sua bolsa, pós – se a caminhar  pelas ruas  do  Centro Histórico de Curitiba  e observava com atenção as  construções  antigas   com vestígios das culturas: alemã, polonesa, ucraniana  e italiana, povos que chegaram à cidade  em busca de melhores condições de vida, fugindo de guerras e em poucos casos, procuravam apenas uma experiência diferente do outro lado do oceano.  Entre tantas belezas, a que a deixou extasiada foi a  Casa Vermelha,  erguida  no século XIX, pelo alemão Wilhelm Peters  e na época  denominada Páteo de São Francisco das Chagas.  Em início do século XX,  foi sede da Burmester, Thon e  Companhia, quando recebeu a alcunha de Casa Vermelha. Atualmente o local  é conhecido como Largo Coronel Enéias. Em passos firmes e lentos, viu-se em frente  a outro marco da  cidade o prédio que sedia a  Sociedade Italiana Giuseppe Garibaldi com o famoso bebedouro de pedra, local onde, em um passado  não muito distantes, tropeiros e fazendeiros   paravam para descansar e saciar a sede de seus animais de carga.
O murmúrio da multidão não  interferia em seus pensamentos, pelo contrário, a embalava e fazia- na sentir feliz e livre, porém, não se distraia com pensamentos frívolos, apenas  admirava  os  pormenores, fotografava, pesquisava na internet a história  do  edifício e  com esta experiência impar, percebeu que o encanto da  viagem estava na descoberta da história local e que em aventuras pelo país, além do dinheiro para passagem,  hospedagem, translado e alimentação é necessário   levar na mala também a curiosidade e disposição  para  percorrer  novos caminhos.

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