Tarde solitária
Viajar com pouco dinheiro, sem
hospedagem grátis em casa de familiares ou amigos,
pode - se dizer que é uma experiência
enriquecedora porque o viajante, por forças das circunstâncias, é obrigado a
conhecer a cultura local, os hábitos do povo, a sua música, sua gastronomia, o comércio popular e suas festas religiosas, o que de fato identifica um povo, embora não seja o que o vivente
deseja postar em suas redes sociais.
Celina se aventurou em conhecer a capital paranaense
e estava meio triste porque não podia assistir
a uma peça de teatro, ir ao cinema, jantar em um sofisticado restaurante,
fazer compras no shopping. Silenciosa e
segurando bem a sua bolsa, pós – se a caminhar
pelas ruas do Centro Histórico de Curitiba e observava com atenção as construções
antigas com vestígios das culturas: alemã, polonesa,
ucraniana e italiana, povos que chegaram
à cidade em busca de melhores condições de
vida, fugindo de guerras e em poucos casos, procuravam apenas uma experiência
diferente do outro lado do oceano. Entre
tantas belezas, a que a deixou extasiada foi a
Casa Vermelha, erguida no século XIX, pelo alemão Wilhelm Peters e na época
denominada Páteo de São Francisco das Chagas. Em início do século XX, foi sede da Burmester, Thon e Companhia, quando recebeu a alcunha de Casa
Vermelha. Atualmente o local é conhecido
como Largo Coronel Enéias. Em passos firmes e lentos, viu-se em frente a outro marco da cidade o prédio que sedia a Sociedade Italiana Giuseppe Garibaldi com o
famoso bebedouro de pedra, local onde, em um passado não muito distantes, tropeiros e
fazendeiros paravam para descansar e
saciar a sede de seus animais de carga.
O murmúrio da multidão não interferia em seus pensamentos, pelo contrário,
a embalava e fazia- na sentir feliz e livre, porém, não se distraia com
pensamentos frívolos, apenas admirava os
pormenores, fotografava, pesquisava na internet a história do edifício
e com esta experiência impar, percebeu
que o encanto da viagem estava na
descoberta da história local e que em aventuras pelo país, além do dinheiro para
passagem, hospedagem, translado e
alimentação é necessário levar na mala
também a curiosidade e disposição
para percorrer novos caminhos.
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