Em 19 de março, dia de São José, a chuva caiu
generosamente sobre a terra e deu adeus
ao verão com grandes inundações e daqui
a poucas horas, precisamente às 18h50
minutos, a nação brasileira receberá o outono, com
alegria e esperança de temperatura amena e
com precipitações mais brandas e também, com grandes
expectativas que as pessoas atingidas
pelas enchentes reconstruam suas casas
antes da chegada do inverno. Este período de transição entre o equinócio que
marca o fim do verão e o solstício de
inverno, com noites mais
longas e lindos nevoeiros matinais encanta. Inspira
beleza e melancolia!
Gosto de saudar as estações do ano e ao procurar, na internet, uma
imagem para ilustrar um post em minha
página no facebook encontrei uma
preciosidade rara: a magia do outono russo nas telas do artista Isaac
Levitan. Extasiada diante de tanta beleza, o navio de minha curiosidade
singrou em águas nunca antes navegadas
em busca do sensível artista que foi
capaz de captar e traduzir em formas e
cores a essência da estação no país em que residia.
Nascido na Lituânia, em 1860, filhos
de judeus pobres, que apesar das dificuldades financeiras, oferecem aos
quatros filhos uma boa formação e
apoiaram a decisão do filho quando este demonstrou interesse em estudar na
Faculdade de Pintura e Escultura de Moscou. A juventude de Levitam foi vivida
em uma carestia extrema, chegou a ser expulso de uma escola por não poder arcar
com o custo dos estudos. Graças a generosidade dos amigos que saldaram a dívida, ele pode retornar à Instituição. Diante do talento do jovem, o conselho de
professores concedeu-lhe uma bolsa de estudo. Após a tentativa de assassinato sofrida pelo czar Alexandre II, em 1879, pelo
revolucionário judeu Alexander Soloviev, os judeus foram proibidos de viver na
capital russa e o jovem artista foi
obrigado a mudar para a província de
Saltykova. Além do preconceito que
sofria em virtude de sua origem judaica, seu
talento incomodava alguns professores que tinham o desplante de dizer
que:
“ Judeu não deve pintar a paisagem russa.” Felizmente a sua coragem e
determinação não minaram suas ambições
profissionais e todo o mundo pode
apreciar verdadeiras obras de
arte surgidas do pincel de um jovem que
tudo superou com dignidade para deixar fluir a sua essência em telas de um realismo impar.
Infelizmente, este grande pintor de paisagem não é estudado nas escolas
públicas brasileiras. Lastimável! Isaac Levitan, eterna gratidão! Através de algumas de suas obras, pude
conhecer um pouco da beleza do outono russo, mesmo que apenas virtualmente. Quiçá um dia o Universo conceda-me a graça
de apreciar a sua obra inacabada ‘ Lago”,
que segundo alguns posts, retrata a natureza russa, a sua pátria do coração, a partir de seus pensamentos e sentimento !
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