quarta-feira, 20 de março de 2019

Outono de Isaac Levitan



          Em 19 de  março, dia de São José, a chuva caiu generosamente sobre a terra e  deu adeus ao verão com grandes inundações e  daqui a poucas horas, precisamente  às 18h50 minutos,  a nação brasileira receberá  o outono, com alegria e esperança de temperatura amena e  com  precipitações  mais brandas e também, com grandes expectativas  que as pessoas atingidas pelas enchentes   reconstruam suas casas antes da chegada do inverno. Este período de transição entre o equinócio que marca o fim do verão  e o solstício de inverno,  com  noites mais  longas  e  lindos nevoeiros matinais encanta. Inspira beleza e melancolia!
          Gosto de saudar as estações  do ano e ao procurar, na internet, uma imagem  para ilustrar um post em minha página no facebook  encontrei uma preciosidade rara: a magia  do  outono russo nas telas do artista Isaac Levitan. Extasiada diante de tanta beleza, o navio de minha curiosidade singrou  em águas nunca antes navegadas em busca do  sensível artista que foi capaz de captar e traduzir em formas e cores a essência da estação no país em que residia.
          Nascido na Lituânia, em 1860, filhos de judeus pobres, que apesar das dificuldades financeiras,  oferecem aos  quatros filhos uma boa formação  e apoiaram a decisão do filho quando este demonstrou interesse em estudar na Faculdade de Pintura e Escultura de Moscou. A juventude de Levitam foi vivida em uma carestia extrema, chegou a ser expulso de uma escola por não poder arcar com o custo dos estudos. Graças a generosidade dos amigos que saldaram a dívida, ele pode retornar à Instituição. Diante do talento do jovem, o conselho de professores concedeu-lhe uma bolsa de estudo. Após  a tentativa de assassinato sofrida pelo  czar Alexandre II, em 1879, pelo revolucionário judeu Alexander Soloviev, os judeus foram proibidos de viver na capital russa e  o jovem artista foi obrigado a mudar para  a província de Saltykova.  Além do preconceito que sofria em virtude de sua origem judaica, seu  talento incomodava alguns professores que tinham o desplante de dizer que:
 “ Judeu não deve pintar a paisagem russa.” Felizmente a sua coragem e determinação não minaram  suas ambições profissionais e todo o mundo pode  apreciar  verdadeiras obras de arte surgidas do pincel de um jovem que  tudo superou com dignidade para deixar fluir a sua essência  em telas de um realismo impar. Infelizmente, este grande pintor de paisagem não é estudado nas escolas públicas brasileiras. Lastimável! Isaac Levitan, eterna gratidão! Através de algumas de suas obras, pude conhecer um pouco da beleza do outono russo, mesmo que apenas virtualmente.  Quiçá um dia o Universo conceda-me a graça de  apreciar a sua obra inacabada ‘ Lago”, que segundo alguns posts, retrata a natureza russa, a sua pátria do coração, a partir  de seus pensamentos e sentimento !

Nenhum comentário:

Postar um comentário