terça-feira, 19 de março de 2019

Medo


          Ansiedade é uma palavra que está na boca do povo e dos profissionais de  saúde e  o pior  é que não há vacina para proteger deste mal do século, que atinge  da criança ao bisavó. Psicólogos, escritores de autoajuda afirmam  sua origem está no medo de ser ferido, de perder algo que seja importante ou que possa  lhe fazer falta em algum momento, mesmo que a possibilidade seja zero, mas em tempos de economia incerta é comum  algumas pessoas  acumular quinquilharias. Seja  o medo  de um perigo real ou imaginário, o  indivíduo  sentirá as mesmas sensações. È difícil encontrar alguém  que não  teme vivenciar uma situação inusitada com possibilidade de perdas e danos.
          Neste  início do século XXI, em plena era da  comunicação, da informação em tempo real, o medo já começa  enquanto o vivente ainda está no conforto do ventre materno, o medo de ser abortado,  já que há calorosos    debates sobre a liberação do aborto, isto já o deixa  apreensivo, pois ele venceu a corrida e deseja apenas ver a luz do dia  e  crescer feliz no seio de uma família amorosa e acolhedora.
            O medo acompanha o cidadão em toda a  sua jornada  na terra. Adulto nenhum gosta de admitir que custou a dormir na  véspera do seu primeiro dia de aula, pensando em como seria as mãos que o protegeria   na escola. Os perigos são muitos, caso contrário, a mãe não perderia tanto tempo orientando-o. Tão logo se familiarizam com o ambiente escolar, depara-se com a ameaça da  nota vermelha, recuperação, retenção. Além das angustias provenientes do universo estudantil, no decorrer do ano, unhas são roídas  e dentes rangidos preocupados se seus pequenos prazeres serão atendidos por seus genitores, como presente de aniversário, dia da criança, natal, guloseimas, eletrônicos.  Crescer em um sistema capitalista, é consumir-se em ansiedade.
          A dificuldade de lidar com o medo é agravada na adolescência, quando a família  decreta que ele  agora  deve ter coragem, ser forte para enfrentar as agruras da vida, e  em qualquer dê cá a palha, ou situação difícil, não há mãos carinhosas e fortes para ampara-lo.  Agora terá que enfrentar sozinho, os caminhos tortuosos da descoberta do amor e de sua busca profissional; é vestibular, Enem, graduação, estágio, primeiro emprego, resumindo, até em sonhos borboletas batem as asas em seu estômago.
          Os anos  ampliam a consciência e  já ciente das responsabilidades e doravante, uma agenda é pequena demais para anotar todos os perigos que deve evitar a começar pelos fenômenos da natureza: Ventos fortes, relâmpagos, raios, secas, enchentes, maremotos. Perda do emprego, da saúde, de pessoas queridas, enfim, de não conseguir assumir todos os seus compromissos  e todas as noites poder dormir de barriga cheia em uma cama quentinha, e há ainda  um medo, que antes não o preocupava  e que agora toma proporções inimagináveis: o medo de morrer! Quem zelará pelos seus descendentes? Familiares terão como arcar com os custos do funeral? Para onde irá sua alma, caso ela exista de fato?
O que ele sentirá ao ser enterrado? Sentirá  muita dor ao ser devorados pelos vermes? Viver é perigoso e  a ansiedade uma companheira chiclete..


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