Tomada pelo peso
da consciência, a protagonista se vê em um profundo mar de tormentas. Ela
lamenta, com amarga contrição, ter ferido os alicerces de uma mãe de família,
tudo em nome de uma ânsia desenfreada por concretizar um acordo. Em meio à
inquietação de sua alma, sente que suas habilidades em negociar, buscar por
justiça e agir retamente estão se esvaindo, como areia entre os dedos da razão.
Foi apenas ao
término da fatídica sessão de negociação que a cruel epifania lhe arrebatou a
mente: deveria ela ter feito as perguntas mais básicas, aquelas que, de forma
pungente, poderiam mudar os destinos. A executada reconhecia a dívida? A festa
não teria ocorrido, por que então a contratante estava sob a sombra impiedosa
da execução? Consumida pelo remorso, percebe que deveria ter guiado a mulher
prejudicada à defensoria pública, que poderia prover-lhe um advogado.
Agora, resignada à
dor eterna, percebe que foi cúmplice, ainda que sem intenção maligna, do
ardiloso plano de uma pessoa de má fé e de seu advogado similar. Neste
processo, a senhora foi constrangida a arcar com uma dívida inexplicável, que
dela roubou o sustento, usurpando o pão da boca de uma criança para saciar a
avidez dos espertos. Num apelo desesperado, clama ao Divino para que abençoe e
ilumine aquela mulher, que ela prospere e não conheça jamais a fome ou a
carência.
A protagonista, em
seu arrependimento profundo, sente-se traidora de seu próprio propósito,
executando seu serviço com falhas, distante da justiça e da competência que
outrora eram seu norte. A mácula do passado recai sobre ela novamente,
acusando-a de um erro semelhante: focar em resultados e não na excelência do
serviço prestado. Entre súplicas e lágrimas, ela roga ao Senhor para proteger a
mulher que injustamente foi prejudicada e implora por perdão para sua falha,
pedindo sabedoria para jamais repetir tal deslize.