O coração ainda martelava no peito quando recuou um passo, a mão vacilando
na maçaneta da porta da sacada. O sol poente tingia o céu de tons alaranjados,
mas a luz difusa não era suficiente para dissipar o arrepio que lhe subia pela
espinha.
Ali, bem diante de seus olhos, desenhado na poeira acumulada no chão, estava
um espectro. O contorno era preciso: olhos ocos, boca aberta num silencioso
grito. Um fantasma... ou um aviso?
O pensamento veio antes da razão. Quem teria feito aquilo? Seria apenas uma
brincadeira? Mas não havia pegadas. Nenhum sinal de que mãos humanas haviam
traçado aquele perfil. Apenas o vento...
Ah, o vento! Esse viajante invisível que percorre o mundo sem descanso, que
conhece os segredos mais profundos da Terra e dos homens. Ele sopra sobre
montanhas, atravessa oceanos, dança entre árvores. Mas também sussurra enigmas,
escreve mensagens que poucos ousam decifrar.
Engoliu seco. Por um instante, imaginou que o próprio Éolo, deus dos ventos,
tivesse soprado suavemente até formar aquele espectro sobre o chão esquecido da
sacada. O que queria dizer? Seria um simples capricho da brisa? Ou um suspiro
de algo que vagava entre mundos, preso na poeira do tempo?
Fechou os olhos. Um frio distinto percorreu seu corpo, não vindo da brisa,
mas da dúvida. Quando tornou a abrir, o fantasma ainda estava lá, imóvel,
esperando por uma resposta.
Mas... qual seria?
Deixe nos comentários
a sua opinião a respeito deste fenômeno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário