Ela havia
terminado de ler Um Amor para Recordar, de Nicholas Sparks, mas o livro
ainda reverberava dentro dela como uma melodia suave que insiste em permanecer
mesmo após a última nota. Era impossível não se deixar envolver por aquela
narrativa tão simples e, ao mesmo tempo, tão profundamente tocante. “É isso que
os grandes escritores sabem fazer”, ela pensou, enquanto fechava o exemplar com
cuidado, como se fosse algo precioso. “Eles sabem prender a atenção do leitor
sem recorrer a grandes reviravoltas, apenas com a verdade emocional das
pequenas coisas.”
A história
contava apenas um fragmento da vida de um estudante do segundo ano do ensino
médio — um rapaz comum, perdido entre os desafios da adolescência — que, de
forma inesperada, se apaixonava pela garota mais improvável da escola: a jovem
esquisita, retraída, filha do pastor. Ainda assim, Sparks conseguia transformar
esse enredo simples numa narrativa poderosa. E isso, para ela, era o verdadeiro
segredo da boa escrita.
A escrita
de Sparks não era rebuscada, tampouco buscava ser. Pelo contrário, era marcada
por uma fluidez encantadora, como um rio que corre sereno, mas constante. Os
diálogos soavam reais, quase como se o leitor estivesse escutando uma conversa
entre amigos no pátio da escola. As emoções vinham sem esforço, sem exageros —
apenas com a delicadeza de quem sabe que, às vezes, as maiores dores e alegrias
estão nos detalhes mais silenciosos.
Ela,
aspirante a escritora, via-se diante de um espelho emocional. “Ainda não
consigo escrever assim”, confessava a si mesma, entre frustração e esperança.
“Minha escrita é truncada, engasgada... Sinto dificuldade em expressar meus
sentimentos, seja com a fala ou com a caneta.” Reconhecia suas limitações
gramaticais, suas inseguranças criativas. Mas, mais forte do que a dúvida, era
o desejo. O desejo de aprender, de emocionar, de fazer com que alguém, um dia,
dissesse: ‘Eu não consegui parar de ler’.
Ela
queria isso — queria cativar leitores mesmo quando narrasse o mais banal dos
dias, a cena mais rotineira da vida de um adolescente. Queria que suas palavras
tocassem o outro como as de Sparks a haviam tocado. Por isso, sabia que Um
Amor para Recordar permaneceria com ela por muito tempo. Porque, naquele
livro, ela não viu apenas uma história de amor juvenil — ela viu tudo o que
queria ser como escritora.
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