A vida nem sempre segue nossos desejos. Ao organizar um evento com o único objetivo de reunir mulheres da mesma idade para formar um grupo de amizades e amenizar a solidão da velhice, percebi os desafios da vida. Quando finalmente consegui um espaço, algumas convidadas e o dinheiro para o café, meu padrinho, pai de três convidadas, faleceu.
A dor da perda é ainda mais intensa, pois sua morte deixou uma marca
indelével no mês do meu aniversário, tornando difícil confraternizar com os
primos nessa data. A solidão se tornou minha companheira constante, e os poucos
anos de vida restantes parecem agora um fardo ainda mais pesado. Com a partida
de meu padrinho, sinto que o mundo ao meu redor está desmoronando e a solidão
só aumenta.
Após o enterro, precisarei falar com o rapaz que cedeu o espaço para o
evento e contatar as demais convidadas para marcar uma nova data. No entanto, a
sensação de desamparo e abandono é esmagadora. Será que a solidão será minha
companheira para o resto da vida? Quero apenas estar com alguém e ter alguns
momentos em minha vida sem pensar que, ao tentar vencer, deixei de viver. Viver
é relacionar-se, mas agora parece impossível.
Preciso terminar este texto e me arrumar para o velório, mas a dor é
avassaladora. Com a partida de meu padrinho, percebo que nada mais prende os
primos aqui. Cada um seguirá seu caminho em busca do afeto dos netos e
bisnetos, enquanto eu, que não consegui gerar uma vida, me sinto seca e vazia.
Continuarei à procura dos gravetos da amizade, na esperança de encontrar algum
consolo em meio à imensa solidão que me cerca.
Nenhum comentário:
Postar um comentário