terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Cruel separação

                     Rosalina  amava os animais da  fazenda em que nascera. Aos sete anos de idade, já tinha a responsabilidade  de  ajudar o pai na lida com o gado. Levantava às  seis horas da manhã, ia ao pasto buscar os bezerros e as vacas leiteiras para que ele pudesse iniciar o ordenha e ficava por perto, para dar uma força, no que  precisasse. Depois de entregar  o leite ao caminhão da Cooperativa, limpava o curral, almoçava e só depois ia para a escola rural. Levava a vida feliz, pois não conhecia outra. Um dia  seu pai chegou com uma novidade: Três cabras.
            Foi amor a primeira vista! Rosalina apaixonou-se pelos animais e assumiu a responsabilidade de cuidar delas. Ficou muito alegre quando soube que estavam prenhas. Já chegaram com nomes: Gemada, a maior, que recebera este nome, provavelmente pela cor do pelo que lembrava  a tonalidade da gema de ovo.  Pinheirinha, era malhada em tons de preto e branco, já Tetéia, tinha o pelo todo branco, era dócil e carinhosa  e rapidamente cativou o coração da menina, que esperava ansiosamente  o nascimento do filhote. Antes  de iniciar  a lida no curral, passava pelo piquete  na expectativa que ela  já tivesse dado cria.
            Em uma manhã calma, como outra qualquer,  Rosalina seguiu a sua rotina e foi  olhar as cabras no piquete e observou que a sua Tetéia querida, estava com um comportamento diferente, característico de fêmeas após o parto. Mas ela não encontrou o filhote. Chorando, procurou por dias e nada. Era motivo de zombaria por todos da família,           “ onde já se viu,chorar por um filhote de cabra desaparecido” diziam. Tetéia também sofria, com as tetas cheias de leite, sem poder amamentar. O Sumiço do  cabritinho era o início do martírio dela. Uma tarde, ao retornar da escola, não encontrou os animais e, para evitar um rio de lágrimas, o pai disse que as  levara para cruzar em uma fazenda distante. Ela percebeu que era mentira, se afastou para chorar silenciosamente  a cruel separação. Nunca mais ela viu a sua Tetéia querida.
           


cruel 

Nenhum comentário:

Postar um comentário