domingo, 14 de julho de 2024

Reescrito com ajuda

 Em solene data, quase findando um mês do inverno, no dia 14 de julho do ano de 2024, as vestes invernais de Rosalina repousam, silenciosamente, acumulando ácaros desde a primavera transcorrida no ano anterior, quando foram meticulosamente lavadas e recolhidas. Mulheres que atingiram a "idade do condor" têm um apreço singular pelo inverno, estação que as enobrece, ocultando os desditosos acenos dos braços e protuberâncias abdominais, resquícios de gestações, inatividade e indulgências gastronômicas. E não são apenas tais imperfeições que se ocultam, mas também as manchas senis que emolduram braços e pernas, varizes aflitivas, bolsas sob os olhos, e outras marcas da inexorável lei da gravidade. Entre as quatro estações do ano, é unicamente o inverno que permite às damas exibir com regozijo aquilo que já não são mais.

Logo ao alvorecer, um frescor modesto cede lugar ao sol ardente que desponta no leste, impossibilitando que se sigam os preceitos do geriatra de expor-se aos raios solares, em prol da manutenção da saúde corporal e mental. A sapiência popular, ancestral e sábia, sempre acentuou a vitalidade solar para o bem-estar físico e psíquico, um elixir natural contra a melancolia, fortalecendo ossos para evitar quebras em anciãos, robustecendo o sistema imunológico contra diversas enfermidades e regulando o ciclo do sono.

Contudo, Rosalina e suas afáveis companheiras anseiam pela severidade invernal, pelo conforto do sol matutino a tocar-lhes as costas e os pés, e pelo deleite de um chá quente. Para estes simples prazeres terrenos, necessitam do gélido abraço. Em um país tropical como o Brasil, uma estação de frio prolongada, de cerca de 90 dias, seria acolhida com júbilo pelos anciãos.

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