Em solene data, quase findando um mês do inverno, no dia 14 de julho do ano de 2024, as vestes invernais de Rosalina repousam, silenciosamente, acumulando ácaros desde a primavera transcorrida no ano anterior, quando foram meticulosamente lavadas e recolhidas. Mulheres que atingiram a "idade do condor" têm um apreço singular pelo inverno, estação que as enobrece, ocultando os desditosos acenos dos braços e protuberâncias abdominais, resquícios de gestações, inatividade e indulgências gastronômicas. E não são apenas tais imperfeições que se ocultam, mas também as manchas senis que emolduram braços e pernas, varizes aflitivas, bolsas sob os olhos, e outras marcas da inexorável lei da gravidade. Entre as quatro estações do ano, é unicamente o inverno que permite às damas exibir com regozijo aquilo que já não são mais.
Logo ao
alvorecer, um frescor modesto cede lugar ao sol ardente que desponta no leste,
impossibilitando que se sigam os preceitos do geriatra de expor-se aos raios
solares, em prol da manutenção da saúde corporal e mental. A sapiência popular,
ancestral e sábia, sempre acentuou a vitalidade solar para o bem-estar físico e
psíquico, um elixir natural contra a melancolia, fortalecendo ossos para evitar
quebras em anciãos, robustecendo o sistema imunológico contra diversas
enfermidades e regulando o ciclo do sono.
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