segunda-feira, 8 de julho de 2024

O Rosário da Fé

       O rufar dos tambores ressoam ao longe, são as  guardas que homenageiam Nossa Senhora do Rosário, e meu coração se enche de saudades da minha mãe, que hoje habita em  uma estrela no céu. Ela sempre foi uma católica fervorosa, e durante toda a quaresma rezávamos juntas o terço. Ao longo do ano, não deixávamos passar um dia sequer sem honrar um santo da nossa devoção familiar.

Mamãe me ensinou desde o berço sobre a importância da fé e da devoção, valores que ela própria vivênciava diariamente. Rezava com uma sinceridade e uma convicção que tocavam profundamente quem a conhecia. Lembro-me das histórias que ela contava sobre os milagres de Nossa Senhora do Rosário, especialmente aquele ocorrido na batalha de Lepanto, em 1571.

Foi nessa batalha que um exército cristão, liderado por João da Áustria e unido pela devoção ao Santo Rosário, enfrentou e venceu um vasto império otomano, mesmo em desvantagem numérica. Os comandantes e soldados, por inspiração  do Papa São Pio V confessaram, receberam a Eucaristia e rezaram o rosário fervorosamente. O que parecia impossível se tornou realidade, provando que a fé pode mover montanhas e alcançar vitórias além das expectativas humanas.

Os jesuítas e franciscanos trouxeram essa devoção ao Brasil como forma de evangelização, encontrando na devoção a Nossa Senhora do Rosário um meio de conforto e esperança para os mais necessitados. Minha mãe acreditava firmemente nisso, assim como nos momentos difíceis de nossas vidas, onde encontrava consolo na oração e na confiança na providência divina.

Hoje, mais do que nunca, sinto falta da presença e da orientação espiritual da pessoa iluminada que mamãe era. Seus ensinamentos sobre fé e devoção ecoam em meu coração, inspirando-me a buscar também essa mesma confiança na providência divina que guiou os soldados na batalha de Lepanto. Que Nossa Senhora do Rosário, nossa protetora celestial, continue a guiar nossos passos e a fortalecer nossa fé, assim como fez com os bravos soldados que, sob sua intercessão, alcançaram a vitória naquela memorável batalha, em que a liga Santa, formada pela República de Veneza, Reino de Espanha, Cavaleiros de Malta e Estados de Malta, tendo como líder espiritual o Papa São Pio V, e com uma frota de duzentas e oito  galés e seis galeaças (navios a remos com quarenta e quatro canhões) e a força do Santo Rosário, enfrentou e venceu o Império Otomano, que dispunha de duzentas e trinta galés turcas ao largo de Lepanto, na  Grécia, a     7 de Outubro de 1571.

Que a mística católica que minha mãe tanto amava continue a iluminar nossas vidas, trazendo paz, esperança e proteção nos momentos de adversidade. E que a saudade e remorso que sinto por não ter  procurado absorver todos os seus ensinamentos, transforme em perseverança e fé em um aprimoramento espiritual  contínuo.

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