O rufar dos tambores ressoam ao longe, são as guardas que homenageiam Nossa Senhora do Rosário, e meu coração se enche de saudades da minha mãe, que hoje habita em uma estrela no céu. Ela sempre foi uma católica fervorosa, e durante toda a quaresma rezávamos juntas o terço. Ao longo do ano, não deixávamos passar um dia sequer sem honrar um santo da nossa devoção familiar.
Mamãe me ensinou desde o berço sobre a importância da fé e da devoção,
valores que ela própria vivênciava diariamente. Rezava com uma sinceridade e
uma convicção que tocavam profundamente quem a conhecia. Lembro-me das
histórias que ela contava sobre os milagres de Nossa Senhora do Rosário,
especialmente aquele ocorrido na batalha de Lepanto, em 1571.
Foi nessa batalha que um exército cristão, liderado por João da Áustria
e unido pela devoção ao Santo Rosário, enfrentou e venceu um vasto império
otomano, mesmo em desvantagem numérica. Os comandantes e soldados, por
inspiração do Papa São Pio V confessaram, receberam a Eucaristia e rezaram o rosário
fervorosamente. O que parecia impossível se tornou realidade, provando que a fé
pode mover montanhas e alcançar vitórias além das expectativas humanas.
Os jesuítas e franciscanos trouxeram essa devoção ao Brasil como forma
de evangelização, encontrando na devoção a Nossa Senhora do Rosário um meio de
conforto e esperança para os mais necessitados. Minha mãe acreditava firmemente
nisso, assim como nos momentos difíceis de nossas vidas, onde encontrava
consolo na oração e na confiança na providência divina.
Hoje, mais do que nunca, sinto falta da presença e da orientação espiritual da pessoa iluminada que mamãe era. Seus ensinamentos sobre fé e devoção ecoam em meu coração, inspirando-me a buscar também essa mesma confiança na providência divina que guiou os soldados na batalha de Lepanto. Que Nossa Senhora do Rosário, nossa protetora celestial, continue a guiar nossos passos e a fortalecer nossa fé, assim como fez com os bravos soldados que, sob sua intercessão, alcançaram a vitória naquela memorável batalha, em que a liga Santa, formada pela República de Veneza, Reino de Espanha, Cavaleiros de Malta e Estados de Malta, tendo como líder espiritual o Papa São Pio V, e com uma frota de duzentas e oito galés e seis galeaças (navios a remos com quarenta e quatro canhões) e a força do Santo Rosário, enfrentou e venceu o Império Otomano, que dispunha de duzentas e trinta galés turcas ao largo de Lepanto, na Grécia, a 7 de Outubro de 1571.
Que a mística católica que minha mãe tanto amava continue a iluminar
nossas vidas, trazendo paz, esperança e proteção nos momentos de adversidade. E
que a saudade e remorso que sinto por não ter
procurado absorver todos os seus ensinamentos, transforme em
perseverança e fé em um aprimoramento espiritual contínuo.
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