segunda-feira, 16 de março de 2020

Inferno astral

                 
            Ouço sempre, mas não sei exatamente do que se trata este tal de “Inferno astral” . Se isto é uma ciência, ou apenas uma invenção popular, para designar o mês anterior ao aniversário natalício, quando  o estado emocional do felizardo não é dos melhores porque, acredito eu, que são oriundos das reflexões  sobre mais um ano  perdido  no quesito sonhos a realizar, oportunidades perdidas, alto custo financeiro das comemorações e demais preocupações inerentes a esta data, porém, o meu caso, neste ano de 2020 foi diferente, coisas terríveis aconteceram, coincidência  ou não, exatamente um mês antes da data exata  em que vim ao mundo pelas mãos   firmes do DR Hélio.           
            Exatamente em 15 de fevereiro, um problema de saúde deixou –me internada cinco dias na área do SUS, em um hospital, sem a presença de familiares  ou amigos para apoiar  naquele  momento difícil que teve continuidade em  casa, após a alta médica. Tão logo tive condições de sair às compras, iniciei a difícil jornada de fazer  supermercado tendo como  meio de transporte uma bicicleta velha. Comprei tudo que o meu dinheiro permitiu para fazer uma pequena comemoração em casa com alguns amigos, gastei mais do que podia, além de estourar o cartão, o corpo também sofreu com o peso das compras e o esforço para pedalar. O momento mais importante o  de enviar o convite, já veio a primeira decepção, das dez pessoas convidadas, apenas uma compareceu, as restantes, desmarcaram  na última hora, para ser exata, 4 horas antes do almço, quanto  a  geladeira e armário já estavam abarrotados de produtos,   a carne assando no forno e a alface toda lava, assim, fez-se necessário  efetuar  chamadas telefônicas logo pela manhã na tentativa de laçar alguém solitário para ajudar a compor a mesa. Optei por  convidar pessoas  que moram sozinhas e  distantes da família e também aqueles   com renda um pouco mais baixa que a minha e que jamais iriam perder a boca-livre e  deu certo, compareceram, cumpriram bem com a função de devorar  grande parte do banquete, evitando que  estragasse na geladeira.
            O fracasso de minha festa de aniversário  não foi apenas no quesito presente, que não ganhei nenhum, e nem tinha como porque foram convidados às 9 horas para um evento que ocorreria às 13 horas, mas  por saber que as pessoas não se importam comigo, que não querem celebrar comigo e não é por medo do Covide  19, porque o número de convidados estava de acordo com as orientações o Poder Publico que orienta eventos com poucas pessoas, assim, não tenho dúvida, o problema sou eu e esta constatação é a minha maior dor, e o pior, é que eu não sei  como tornar-me uma pessoa gostável, gostável e  pelo visto, esse tal de inferno astral perdurou até o meu aniversário natalício mas vou  lutar para fazê-lo desaparecer e dar continuidade à minha vida e buscar novas alegrias em outras querências  do meu amado Rio Grande do Sul.
           

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