quarta-feira, 18 de março de 2020

Diário de meu isolamento domiciliar – Covide 19

                       



            Diário  de meu isolamento domiciliar – Covide 19
            Agora são  18 horas  do dia 18 de março de 2020, final de verão.  O termômetro marca 31º e a umidade relativa de ar, 71%, mas a sensação térmica é bem menos, já que não estou transpirando como um  funcionário da Prefeitura, consertando os intermináveis buracos no asfalto da cidade, e nem como um soldado do Corpo de Bombeiros, apagando  incêndio de grande proporções. Por que decidi  escrever este diário? Para passar o tempo e também, para o caso de um lapso de memória, eu ter a certeza de que a Pandemia do Coronavírus existiu mesmo. Hoje eu tive  ciência da gravidade da situação pela qual o país e o mundo estão passando. Como eu cheguei  a esta conclusão? Não apenas pelo noticiário, mas, principalmente pela experiência   vivida quando eu saí para resolver os problemas característicos de toda dona de casa.
            Ás noves horas, fui ao consultório do meu dentista, e  para minha surpresa, a sala de espera estava vazia e eu fui atendida  no horário marcado. Faz mais de dez anos que sou paciente do Dr Joselito  e sempre suportei em média um atraso de trinta  minutos. Já fique apreensiva!
            Como o Banco fica em  meu trajeto, resolvi aproveitar para  pagar a conta de água e sacar algum dinheiro e fazer a  tão famosa prova de vida, a que todo aposentado é submetido, embora eu ache desnecessário, já que  o caixa eletrônico  é digitalizado e o dedo indicador é fundamental para  que eu possa efetuar qualquer transação,  e surpresa!  Havia apenas eu na agência. Fique bem preocupada!
            Aproveitando que já estava na rua, fui  fazer a renovação do meu cartão de idosa e   encontrei as atendentes em altos papos  porque não havia ninguém na fila,  mesmo assim, decidi ir a Prefeitura  para verificar  uma  pendência  no IPTU de minha residência, lá também, não havia ninguém a minha frente, pude até escolher a recepcionista  para pedir a  informação que  precisava.
            Resolvida às pendências, retornei ao meu lar e ao adentrá-lo, ligo a televisão e as noticias são ainda mais preocupantes, discute-se a possibilidade do Brasil decretar estado de calamidade pública. Não sei o que significa isto, quais as consequências  para as pessoas pobres como eu, mas tenho certeza que é algo muito sério, a situação é de fato muito grave e que eu faço parte das pessoas mais vulneráveis porque já  sou uma idosa e, com  dois agravantes: Sou  sozinha e dependo do SUS para qualquer tratamento. Com  receio de precisar de atendimento público para cuidar de minha saúde em tempos de crise, fui até o Posto de Saúde com o intuito de pedir uma receita de  vitaminas par fortalecer o meu sistema imunológico, mas não fui atendida, sequer pude entrar. A atendente informou que consultas de rotinas estão canceladas, somente estão atendendo  os casos suspeitos de   Covide 19.
            Diante desta triste constatação, decide que dos males, o menor, seguir rigorosamente as orientações do Governo e  que recolher-me voluntariamente ao isolamento domiciliar  é a melhor opção, mas não está sendo fácil. Um desânimo repentino abateu-se sobre mim. Não consegui cuidar dos afazeres domésticos, tentei  falar via whatsApp com  duas amigas  e o papo girou em torno da pandemia     o que deixou-me bem mais deprimida e para completar o quadro, chegou mensagem das instituição  que promovem eventos para a terceira idade, avisando que todas as atividades estão suspensas temporariamente, provavelmente por três meses, até  que se consiga conter o avanço do vírus. Neste período de quarentena, quero reler os livros que estão empoeirando na estante, aprender inglês para viagem, tenho todo o material guardado na  embalagem que chegou  e também, estudar matemática para exercitar o cérebro e, principalmente, vencer esta tristeza, este vazio que   invadiu  o meu coração. Sair? Somente ao supermercado para comprar  alimentos essenciais. Feira livre,  rodízio de pizza, bingo, atividades na igreja, nem pensar, Deus ajuda a quem se ajuda e eu tenho que aceitar a fragilidade  inerente à minha idade. Sou uma idosa, não importa quão jovem seja a minha mente e meus sonhos; o meu corpo  envelheceu e não há nada que  possa mudar isto.

Com está sendo o seu isolamento domicilar?
Deixe aqui o seu comentário. Obrigada!
           

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