São 21h 34min , a noite está mais fresca, 28º graus e
a umidade do ar 67%. No decorrer do dia, choveu esporadicamente, chuva leve e
fina e o dia findou com um belo crepúsculo
que pôde ser apreciado somente pela janela. Hoje acordei mais tarde e cansada porque dormi poucas
horas, após o post de ontem, sem sono e
angustiada assisti, pela internet, a novela: As aventuras de Poliana. A que
ponto que chega uma idosa enclausurada, perder horas de sono com uma trama
infantil, inspirada num grande clássico da literatura universal. Apesar de a
novela ser bem moderna eu gostei, artistas bonitos, papo jovial e fez-me recordar dos meus tempos de
estudantes, quando a realidade era bem diferente.
Após o café da manhã, lí mais um capítulo do livro e continuei sem
entender nada. Sem poder sair de casa,
os dias são longos e tristes, e para alegrar o meu sábado sem pastel da feira, vasculhei o armário da cozinha e encontrei um pote de pequí
em conserva, mas faltou o arroz arbóreo para preparar um delicioso risoto, assim, fui obrigada a improvisar a receita
com o que tinha, não o ideal, porém, ficou saboroso. Enquanto lavava a louça, ouvia o pronunciamento
do governador Dória, que decretou quarentena de 24 de março acho que 07 de abril de 2020. Por ser do grupo mais vulnerável, já estou no quarto de isolamento social por orientação dos profissionais de saúde,
agora, do determinação do governo. Ainda tenho
mantimentos para uma semana, e estou
bastante receosa de sair às ruas porque
o comércio que não pertence ao gênero alimentício está fechado e são dois quilômetros para andar sozinha de minha casa até ao
supermercado mais próximo e ficar só no ponto de ônibus é tão perigoso quanto andar solitária pelas avenidas. Convidar
uma vizinha para ir junto não é uma boa opção porque a distância que temos de ter de uma pessoa da outra é de dois metros e é difícil fazer uma
idosa recém saída da prisão entender
isto. Chamar motorista de aplicativo
encarece a compra.
Estou com
medo de ser contaminada e perecer à míngua
em um leito de hospital a espera de respirador, do sofrimento característico de toda doença,
da solidão de morrer sozinha ou
de ficar jogada em uma cama, queimando em febre, sem uma pessoa para colocar
uma compressa de água fria na testa para
abaixar a temperatura do corpo. Já estou saturada de mensagens de whatsApp, meus olhos estão das letras pequenas dos livros e da luminosidade
da tela do computador. Estou cansada de
ficar presa em meu próprio lar. Durante minha vida laboral, trabalhei muito e
tudo que eu mais almejava era ter tempo para ficar em casa, agora que tenho
todo o tempo para curtir o meu lar, eu
quero sair, nem que seja para dar uma volta no quarteirão. Tenho muitas tarefas a fazer como
limpar o guarda – roupa, o outono chegou e com ele o companheiro inseparável:
o mofo. Quero atacá-lo,antes que ele
invada todas as gavetas, não posso lavar
semanalmente todas as roupas da casa
porque preciso economizar o sabão em pó
que tenho em estoque. É prudente
permanecer no recinto sagrado do lar até segunda ordem. Deus, dê-me forças para
suportar o cativeiro e determinação para realizar as tarefas domésticas.
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