São 18 h e
11 min. Um vento fresco deixa
suportável a temperatura no interior da minha residência, não sendo necessário ligar o
ventilador para suavizar os 29º graus e a umidade relativa do ar de 59%, o que
deixou a minha respiração difícil, mas estou tranquila, acredito não estar com o vírus covide 19, o
mal estar é consequências das atividades realizadas hoje. Para quem está em
confinamento, um dia segue o outro e não se faz distinção dos dias da semana e
o serviço doméstico vai sendo executado de acordo com a disposição, tanto faz se
é quarta-feira ou domingo. Hoje acordei
com o intuído de vencer a preguiça e até
que consegui, lavei a roupa de cama, limpei
e organizei as gavetas da cômoda
e do guarda-roupa e varri a casa, não consegui passar pano, estava muito cansada. Bem diz o
ditado popular que a ociosidade é mãe de todos os males, uns dias sem caminhar
e ir à academia e já fico exausta com
tudo, um cansaço físico e mental que não
justifica-se, um marasmo sem
limite, preciso lutar e movimentar do
banheiro para os quartos, dos quartos para a sacada, da sacada para a cozinha e
da cozinha para a área de serviço, e agarrar-me com o que está a minha disposição, o rodo, a vassoura, o balde, o tanque e a
pia. Preciso movimentar, senão terminarei
esta quarentena, com uma depressão
profunda que poderá levar-me a morte por inanição. Agradeço a Deus por ter
conseguido executar estas pequenas tarefas e amanhã farei mais, dizem que arrumar as gavetas faz com
que arrumemos também o nosso interior, verdade
ou mentira, não sei dizer, mas estou me sentindo bem melhor.
Encontrei
na internet um vídeo de uma linda canção
indígena de cura, estou ouvindo enquanto escrevo, com fé nos meus ancestrais,
passarei ilesa por esta pandemia. O céu está lindo! O dia está despedindo-se com um lindo laranja, prenúncio de um amanhecer
ensolarado o que é muito bom, não somente pela alegria que o sol
transmite, mas, principalmente porque o
covide 19 não é muito resistente ao
calor oriundo do astro rei, assim diz os especuladores de plantão.
O efeito
colateral da quarentena é o estresse oriundo do excesso de tempo para prestar
atenção em tudo o que acontece no prédio, a música irritante de um morador, as
conversas vias interfones entre vizinhos, o barulho das maquinas de lavar, de liquidificador
e gritaria das mães com as pobres e indefesas crianças,
confinadas nos aptos, sem poder usufruir
das áreas comuns. O crepúsculo de outono convida para um passeio, mas não posso
sair, a programação da televisão aberta é cansativa, vou providenciar uma salada, um
banho e um chá calmante e tentarei dormir e espero de coração que a moda dos
panelaços não chegue ao meu bairro.
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