São
21h30min, quinta –feira, 20 de
março de 2020, temperatura marca 29º. O outono chegou com uma chuva fina, silenciosa
e esporádica o que facilitou bastante
porque tive que ir ao centro pegar um
documento no cartório, uma pequena gentileza para um amigo que não pôde fazê-lo
porque mora em outro município e a rodoviária está fechada. Apesar de ter ônibus
circulando, eu preferi solicitar um motorista de 99, que é mais barato que o Uber; portando
documentos originais, fiquei receosa, não
somente com o risco de contagio pela
proximidade das pessoas dentro de um
transporte público, mas principalmente
dos fugitivos da prisão, que devem estar
ávidos para limpar os idosos que estão nas ruas. Por mais
inexperiente que seja o ladrão, ele sabe que em situação de pandemia,
os aposentados que estão nas ruas não é para desfilar pés-de-galinha,
rugas, manchas sênior, varizes, estrias
e celulites, mas porque têm algo importante a fazer e podem estar portando
dinheiro ou alguma outra coisa de valor.
Durante o
trajeto, observei quão vazia está a cidade,
muitas lojas com suas portas fechadas e
dos poucos transeuntes, a metade apresenta atitude suspeita. Agradeci a
Deus ter retornado ao meu lar, com a missão
cumprida e sem passar por nenhum dissabor. Cheguei
cansada, sem disposição para as tarefas de rotina, para estudar o meu
inglês; tentei ler o livro de Norbert Wiener “ Cibernética e Sociedade – o uso humano de seres humanos,
edição antiga, de 1954. Não consegui
concentrar na leitura porque não estou entendendo nada, sequer consegui decifrar o que é cibernética. Sempre há
campanhas incentivando a leitura, falando de sua importância para o
desenvolvimento do cidadão e eu fico a pensar: por que não dá certo comigo? Sempre
lí, desde a infância, mas não consigo
discutir sobre o tema lido, lembrar o conteúdo, às vezes eu tenho a sensação
que minha leitura é mecânica, que apenas
pronuncio palavras, assim como um papagaio, que fala sem saber o que está
dizendo. Além de minha dificuldade de
concentração, por três vezes tive que
deixar o texto de lado para
atender o interfone. Uma grande
perda de tempo, sempre a mesma vizinha,
pedindo algum favor e querendo tirar dúvida sobre as face news do
whatsApp.
Para
descansar a cabeça, ligo televisão e
sempre as mesma noticias, já repetidas a exaustão, com o intuito de
esclarecer a população. A novidade foi que não haverá atividades de Semana Santa, que até pela internet, estão
vendendo álcool gel falsificado, uma receita de fundo de quintal- gel
para os cabelos, misturados com álcool, o mais barato, com 30 º. - As pessoas, na ânsia de levar vantagem em tudo, sequer prestam atenção se há
rotulo na embalagem. A única noticia que
valeu a pena foi a que as redes de farmácia
e supermercados venderão álcool gel a preço
de custo. Assim findou o tedioso terceiro dia de cativeiro.
Deixe o seu comentário falando de sua rotina durante o isolamento.
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