sábado, 19 de dezembro de 2020

Voltei para você

                

          Encontrar o par perfeito é  o sonho de todos os jovens. No início do namoro,  logos nos primeiros meses, quando a chama da paixão está alta, é possível acreditar  no romântico “ amor e uma cabana” e que serão felizes para sempre. Mas, quando o fogo apaga,  as cinzas da realidade clareiam os olhos dos  amantes, e  neste exato momento, começam as desconfianças e as picuinhas  diárias e principalmente as injustiças. Basta que ela se atrase um pouco para  que ele já imagina   o  seu rival se deleitando em seus braços e para evitar maiores discussões, ela simplifica a narração de seu dia. E, ele, inseguro, começa imaginar que  há alguma coisinha errada no comportamento dela e sem que ela percebam começa a vigiar seus passos e o castelo de areia idealizado  por ambos  começa a ruir. O alicerce do relacionamento vai apresentando fissuras, que passaram a pequenas trincas, rachaduras, esmagando um tijolo aqui, outro acolá o comprometimento vai sendo danificado e um  dia, após o  retorno de uma viagem de trabalho, acontece o  inevitável, a primeira briga  realmente séria do casal apaixonado  porque ele imaginou que  ela o traiu  durante a sua ausência. Ela nega veementemente que não prevaricou. Aparentemente ele a perdoa do crime que ela não cometeu porque  o lugar da paixão avassaladora foi preenchido por uma dependência emocional  e ele  luta  durante uns  oitos anos para   aceitar que o casamento  havia desgastado, a tal ponto, que não dava mais. E para cortar as amarras do relacionamento, ele vai precisar de mais uns três anos.

          Em uma busca frenética para preencher o  seu coração seco e amargo, ele sai em busca de sua ex-namorada, uma jovem pobre e sem instrução acadêmica; coloca-se a disposição para retomar o relacionamento do passado, mas  sem ilusão de  construir um novo lar. Apenas para se conhecerem  e ele, que adora lecionar, lhe ensinará muitas coisas, já que seria  enfadonho para ele, conversar apenas sobre a rotina diária, sem extrair, desse assunto, uma bagagem intelectual culturalmente vantajosa, porque o cérebro dele precisa ser abastecido, a todo momento, com incrementos  intelectuais, porque ele detesta pessoas vazias. No momento, tudo o que ele deseja é uma  companhia agradável para acompanhá-lo em pequenas viagens, pois no momento não pretende iniciar um relacionamento afetivo sério especificamente com ela, já sabendo que não chegará a lugar nenhum porque ele está machucado e não deseja  enfrentar  mais desastre sentimental, fato que ele garante que acontecerá bem mais  rápido do que se possa imaginar. Como ele gosta de dirigir, propõe uma primeira viagem ao litoral, para colocar o papo em dia, cheirar o aroma deixado pelo, transpirar devido ao nível zero, enfim, um dia diferente. E só isto e nada mais. E para surpresa dele, ela não aceitou  a proposta.

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