domingo, 27 de dezembro de 2020

Pastor solitário

                          Era uma vez, um jovem triste e solitário que morava no alto da  colina e vivia com o seu olhar fixo no horizonte esperando o regresso  da jovem que o abandonara no findar da última primavera. Em seus pensamentos está a lembrança do dia em que se conheceram.  Foi um momento especial! Conversaram, trocaram carinhos, caminharam sorrindo e colhendo flores  silvestres, que ele fez uma  coroa de flores para embelezá-la ainda mais. Quando os últimos vestígios do dia  desapareceram na escuridão da noite, ela partiu sem  dizer o destino. Talvez ela tivesse uma família para cuidar, outras obrigações que embebida em tanta felicidade, não tivera tempo para lhe contar.

            Então, ele  regressou a sua cabana e deu continuidade a sua vida, agora, monótona e triste. Dormia e sonha com ela, durante o pastoreio das cabras, a lida com  as tarefas domésticas e nos cuidados com a propriedade, ela estava presente em seus pensamentos. Em suas orações, pedia ao Criador que  guiasse os passos delas em direção a  sua cabana, nos momentos de trabalhos exaustivos, com o suar a lhe escorrer pelas têmporas, deseja a presença dela para lhe oferecer um lenço. Na iminência do perigo durante o pastoreio, imaginava-a  auxiliando-o  na condução do rebanho para  a segurança no estábulo. Ele esperava e confiava que um dia iria revê-la. A vida seguia como tinha que seguir, enfrentando as agruras da vida e as intempéries do  tempo. Ele trabalhava e orava, tentava se divertir  nas festas da aldeia, mas a imagem  da jovem que  conquistara o seu coração mantinha-se firme.

             E os dias passam lentos e tristes. Era um dia  fresco de  primavera,  vez ou outra, uma cabra berrava quebrando o silêncio dos prados  e enquanto esperava o passar das horas, avistou um vulto distante, seu coração bateu mais forte,  era a silhueta dela, da mulher que  conquistara o seu coração e com medo de uma desilusão, preferiu acreditar que era uma miragem.  Sentou  nas raízes de uma  figueira, fechou os olhos e tentou tirar um cochilo, não queria se iludir.  Ele não sabe por quanto tempo permaneceu entre a vigília  e  sono. Despertou com uma  mão em seus ombros e o som de uma voz conhecida a sussurrar palavras doces em seus ouvidos. E, aquele dia, que parecia ser apenas mais um dia de pastoreio, transformou-se no dia mais lindo de sua vida, ela voltara para ele. O reencontro fora como ele sonhara: denso, lindo e apaixonado. Eles se amaram  tendo como testemunha a figueira.  E antes que ele pudesse  dizer à jovem, o quanto ela era importante para ele, ela se foi. Ele recolheu o  rebanho e  caminhou em direção à cabana, mas não era mais  o jovem triste e  solitário. Agora ele tinha um motivo para sonhar, viver e esperar a volta da mulher amada, porque ela vai voltar em todas as primaveras e viverão momentos efêmeros, porém  intensos, dizia si.

 

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