Era uma vez, um jovem triste e solitário que morava no alto da colina e vivia com o seu olhar fixo no horizonte esperando o regresso da jovem que o abandonara no findar da última primavera. Em seus pensamentos está a lembrança do dia em que se conheceram. Foi um momento especial! Conversaram, trocaram carinhos, caminharam sorrindo e colhendo flores silvestres, que ele fez uma coroa de flores para embelezá-la ainda mais. Quando os últimos vestígios do dia desapareceram na escuridão da noite, ela partiu sem dizer o destino. Talvez ela tivesse uma família para cuidar, outras obrigações que embebida em tanta felicidade, não tivera tempo para lhe contar.
Então, ele regressou a sua cabana e deu continuidade a sua vida, agora, monótona e triste. Dormia e sonha com ela, durante o pastoreio das cabras, a lida com as tarefas domésticas e nos cuidados com a propriedade, ela estava presente em seus pensamentos. Em suas orações, pedia ao Criador que guiasse os passos delas em direção a sua cabana, nos momentos de trabalhos exaustivos, com o suar a lhe escorrer pelas têmporas, deseja a presença dela para lhe oferecer um lenço. Na iminência do perigo durante o pastoreio, imaginava-a auxiliando-o na condução do rebanho para a segurança no estábulo. Ele esperava e confiava que um dia iria revê-la. A vida seguia como tinha que seguir, enfrentando as agruras da vida e as intempéries do tempo. Ele trabalhava e orava, tentava se divertir nas festas da aldeia, mas a imagem da jovem que conquistara o seu coração mantinha-se firme.
E os dias passam lentos e tristes. Era um dia fresco de primavera, vez ou outra, uma cabra berrava quebrando o silêncio dos prados e enquanto esperava o passar das horas, avistou um vulto distante, seu coração bateu mais forte, era a silhueta dela, da mulher que conquistara o seu coração e com medo de uma desilusão, preferiu acreditar que era uma miragem. Sentou nas raízes de uma figueira, fechou os olhos e tentou tirar um cochilo, não queria se iludir. Ele não sabe por quanto tempo permaneceu entre a vigília e sono. Despertou com uma mão em seus ombros e o som de uma voz conhecida a sussurrar palavras doces em seus ouvidos. E, aquele dia, que parecia ser apenas mais um dia de pastoreio, transformou-se no dia mais lindo de sua vida, ela voltara para ele. O reencontro fora como ele sonhara: denso, lindo e apaixonado. Eles se amaram tendo como testemunha a figueira. E antes que ele pudesse dizer à jovem, o quanto ela era importante para ele, ela se foi. Ele recolheu o rebanho e caminhou em direção à cabana, mas não era mais o jovem triste e solitário. Agora ele tinha um motivo para sonhar, viver e esperar a volta da mulher amada, porque ela vai voltar em todas as primaveras e viverão momentos efêmeros, porém intensos, dizia si.
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