Era uma vez um homem que não tinha um porte atlético, nem se enquadrava em nenhum padrão de beleza, porém, tinha algo que o fazia sentir-se seguro e prepotente: muito dinheiro na conta. Há muito tempo, quando saia de uma agência bancária, após uma produtiva reunião com o seu gerente, cruzou com uma linda moça, que olhou para ele, rápido, o rapaz entabulou uma conversa e não foram necessário mais do que vinte segundos para ele perguntar se poderia acompanha-la até o serviço dela, que ficava apenas três quadras do banco. Durante o percurso, conversaram como se fossem dois conhecidos e marcaram um encontro. Ele era rico, estudado, viajado e ela, apenas uma recepcionista de uma pequena clínica odontológica. Ele não levou o namoro adiante, pelas diferenças sociais e culturais, e por desejar para mãe de seu filhos, uma mulher da mesma classe social, casou-se com uma rica herdeira, que lhe traiu, inclusive com os seus funcionário. Após a grande vergonha, a separação!
O tempo passou. Ele manteve o mesmo patamar financeiro e o belo par de chifres pesava em sua testa. Em sua solidão, ele se vê como um pássaro solitário, vivendo em uma caverna abandonada e imagina que a linda jovem que ele desprezou por ser pobre, alça voo do seu ninho, em sua direção e fica a vagar sobre o que ela espera dele, agora um ancião carcomido, quase no final da linha, no declínio da vida e que o fica provocando, mesmo após o adeus. Tudo o que ele quer é ficar aconchegado em seu ninho de painas brancas, quentinho e confortável para esquecer as mazelas do mundo. Mas não consegue, é alta madrugada e o sono não chega. Ele tenta, mas não consegue afastar os pensamentos da jovem. Em seus devaneios, imagina-a uma feiticeira, alquimista medieval que o transformou em seu capacho e o ciúme corrói a sua alma ao imaginá-la no aconchego do ninho de alguma gavião, ou que está em sua cabana, a revirar o seu caldeirão de bruxa, fazendo uma traquinagem, para fazê-lo perder o sono.
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