É duro o trabalho do agricultor. Somente quem já enfrentou o sol ardente e tempestades violentas consegue valorizar o homem do campo. Imagine você, trabalhando na roça, plantando tomates, rasteiro ou enveredado em uma área aproximada de uns cinco alqueires paulista, no calor do mês de agosto, em um ano de excelente safra, e que se dentro de uma semana, não forem colhidos, apodrecerão ao ar livre. Você tapeia o chapéu na testa e observa com orgulho a sua roça. Relembra o trabalho que teve durante o preparo do solo, a luta para conseguir mão de obra, o custo operacional, a dívida com o banco, os contratos firmados para a entrega da colheita para as fábricas, atacadistas e varejistas. Você pensa em ampliar o seu negócio, mas o tomate é extremamente perecível e vulnerável ao tempo, seria necessário uma logística especializa e mais cara o que encareceria o produto.
A natureza seguiu o seu ciclo e a sua
colheita está ali, centenas de milhares de tomates esperando os caminhões chegarem
para carregar e rodar dia e noite
para colocar o seu tomate no
mercado. Você fraqueja, pensa que não vai conseguir caminhoneiros que estão atendendo os grandes produtores que pagam mais. É
desesperador! O coração bate rápido,você
sabe que precisa firmar os novos
contratos rápidos, no máximo oito dias
para colher, carregar, transportar e entregar ao comprador.Você agradece
a Deus pelo ano agrícola que
transcorreu excelente para todos os agricultores tomateiros da região.
Nenhum deles tem uma frota de uns trinta
caminhões para auxiliar em caso de algum
imprevisto. Você confere se há
caixas suficientes para embalar toda a produção. Seu coração se
rejubila quanto avista a poeira ao longe, é a
primeira carreta contratada
para levar o seu tomate para o CEASA, CEAGESP, para ser vendido ao
intermediário, que o distribuirá em várias praças. Serão mais de quinhentos quilômetros
rodados no frescor da madrugada. Aparecerão intermediários, atravessadores
fazendo propostas indecorosas, quanto ao preço, prazo, formas de pagamento. Pechinchando
e pechinchando. Eles não sabem o custo
do produto. O desespero toma conta de você
e sentirá seus olhos a borbulhar de lagrimas salgadas, a emoção está
a flor da pele. Imagina que o tomateiro
amadureceu ao mesmo tempo e não há tempo hábil para a colheita. Está ciente
que perdeu um anos de trabalho e o
dinheiro investido em insumos e mão de
obra. Sem catadores, sem caminhão para o
transportes. Tudo está perdido.
Uma buzina o desperta do devaneio. A carreta chegou!. Você dá a ordem para carregar e o caminhoneiro segue o destino. Você não está tranqüilo, sabe que problemas acontecem em viagens longas. A carga pode estar acima do peso permitido pela Polícia Rodoviária, o motorista lhe repassará a multa. O primeiro prejuízo. O segundo vem a seguir, dois pneus estouram, devido ao excesso de peso. A demora em resolver o problema resulta em perda de qualidade e os compradores pagarão menos. Donas de casa reclamarão da baixa qualidade do seu produto. Ah! Se elas soubessem o quanto é difícil colocar um produto fresco no mercado!
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