O corpo pede descanso, mas a mente nunca se cansa e está sempre a pensar em algo, especular sobre outras possibilidades de fazer a mesma coisa e até mesmo especular por especular. Isolamento social é isto, fazer a única coisa que restou, a possibilidade de pensar livremente. Pela primeira vez, inúmeras pessoas passarão o natal sozinhas e desobrigadas dos gastos em tempo e dinheiro relativos às festanças, dedicam o seu ócio a pensar. Para o gado leiteiro, são construídos currais, para os cavalos os estábulos, para os porcos os chiqueiros, para as galinhas o galinheiro, para os pombos o pombal, e se algum aventureiro decidir a criar corujas, com certeza, construirá um corujal e deverá ser diferente dos tradicionais pombais porque as aves de espécies e hábitos diferentes, deve haver diferenças que o carpinteiro e o pedreiro deverão observar, para que a habitação fique confortável e atenta as necessidades dos habitantes quanto alimentação, repouso e reprodução.
É comum em construções inacabadas ou vazias, que corujas escolham um apartamento somente para elas, com vista privilegiada para que possam estar sempre em alerta para surpreender alguma presa com mais facilidade, e o principal, segurança para procriar sem ninguém incomodá-las. Como são aves de hábitos noturnos, elas preferem construções onde o silêncio reina soberano durante o dia. Deve ser interessante compartilhar moradia com estas aves, com certeza, ratos e cobras não seria uma preocupação para os habitantes humanos durante a noite. Deve ser maravilhoso ter por inquilinos um lindo casal de corujas brancas, enormes, maiores que um galo bem graúdo. Pode ser que alguma noite em que o proprietário chegue cheirando a álcool, as aves não o reconheça e comecem a chirriar altíssimo, para avisar as demais espécies da redondeza, a respeito de algum perigo eminente, ou supondo que fosse um estranho, tipo ladrão, malfeitor, elas poderiam estar avisando os demais moradores. É fácil imaginar as corujas em voos rasantes, fazendo um barulhão danado, parando pertinho e provocando a sensação de que poderá atacá-lo, que está na iminência de agredi-lo. Pode ser também, apenas a fêmea a proteger o filhote que acabara de nascer, ou talvez o pai, a marcar o território para proteger os novos membros da família.
Seria interessante ter como ave de estimação, uma coruja branca, sempre pousada no ombro, como um papagaio de pirata, mas como símbolo da sabedoria, com certeza, daria alerta quando pressentisse a proximidade do inimigo. Como era a convivência das corujas brancas com o homem primata, selvagem, moradores das cavernas?
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