domingo, 13 de dezembro de 2020

Proseando com a parede

             O  que faz o isolamento social?   Até conversar com as paredes. Eu disse que ia trocar a terapia de – de leitura para a  escrita, porém, esta semana tive muito trabalho extra, preparando a chegada dos meus novos pimpolhos, e já no primeiro dia, identifico o meu primeiro ajudante, sempre aquela criança carente de tudo: beleza física, segurança emocional,  fluência verbal,  espontaneidade e poder aquisitivo e o meu objetivo com esta atitude é que ele sinta-se incluído  e desenvolva as  habilidades que   lhe falta. Estou ciente que as aulas presenciais retornarão em fevereiro de 2021 e já estou trabalhando  o tema para a recepção dos educandos  que será: A paz do mundo começa na escola. Parede,  você sabe o que justifica a escolha deste tema? Não precisa responder, eu sei que as pessoas estão com os nervos à flor da pele e temo uma explosão  de conflitos  com o retorno as aulas, após um ano de  reclusão.

          Com tantas tarefas a serem realizadas, eu caí na escada, por sorte não quebrei nada, mas como firmei com as mãos, elas também estão doloridas e eu vou ter repousar  por uns três dias e aproveito para assistir as live dos artistas e demais profissionais em busca de seus quinze minutos de fama. Sinto falta dos eventos presenciais, até  a despedida do nosso pároco foi virtual. Contradizendo o ditado popular que diz “que ninguém é insubstituível,  posso dizer que este religioso é: Ele é um franciscano autêntico! Humilde, culto,  sábio. Fiel a espiritualidade da Ordem, ele acolhe com sabedoria e respeito as minorias e suas tradições. Foi pioneiro ao levar os festejos de raízes africanas como o Reinado e a Congada para  dentro da igreja e a igreja para o parque de exposição agropecuária em um sincronismo religioso emocionante. Com mais de setenta anos de idade, esbanjando vitalidade, ele celebra, abençoa, participa das missas conga, sertaneja, seminários, lançamentos de livros  e muito mais. Admiro pessoas como ele, que consegue  acompanhar a evolução social sem perder as suas raízes. Infelizmente, são poucas as pessoas, formadoras de opinião que conseguem conviver em harmonia  com as diferenças.

          Aproveitei estes dias em que estava de repouso para reler  o clássico da literatura infantil, que encanta também os adultos, Bambi, do escritor austríaco, Feliz Salten. Os livros precisam repousar em várias mãos para cumprirem sua missão, assim, o doei para a Anita, filha da Tânia, da padaria da esquina. Esta geração  conectada precisa ter  contato com o papel e leituras   mais longas. Acredito que vá gostar, é uma leitura leve, poética e que nos deixa mais ternas. A  sensibilidade do autor ao descrever a  vida na floresta é impressionante! Ele entende os sentimentos  dos animais. O trecho que jamais esquecerei refere-se à despedida do gamo chefe, quando ele diz ao Bambi que lhe ensinara tudo que sabia. Agora estou lendo A mitologia na vida cotidiana. Leitura interessante, porém, cansativa. Estou a pensar em mudar o visual, cortar uma franja, mudar a cor, colocar borgonha, o que você acha, em parede?

          Pensei em enviar um áudio  para a Tereza, falando sobre a minha queda, mas como ela  é ex-futura médica frustrada, por ter abdicado  da carreira em prol do amor, não  exitaria em receitar-me um remédio dispersível, destes  em que pegamos o comprimido, colocamos em um copo com água até a metade, com uma colher,  vamos rodando, rodando, rodando dentro do copo, até o comprimido ficar dissolvido,totalmente. Então, bebemos aquela água, de seis em seis horas e quando a dor estiver passando, aumenta-se  o intervalo para de oito em oito horas até sarar. Como vê parede, já decorei a receita dela. O que faz uma quarentena! Tornar-se-a amiga de infância da parede.

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