Terça – feira difícil! Fui ao Correio postar uns cartões de natal com a esperança que os destinatários entendam que não irei a casa deles e também não os quero na minha para os festejos tradicionais. A fila normal estava quilométrica; agradeci a Deus por ser idosa e desfrutar do direito arduamente conquistado após mais de 60 anos de uma exaustiva labuta para manter-me viva em meio a tantos desmandos dos governos. De fato, a fila preferencial estava menor e lá fiquei calmamente até a minha vez. Ao dirigir-me ao guichê, ouvi uma voz feminina, em alto brado “ que a mulher está furado a fila na maior cara de pau(sic)”. Por estar ciente que eu estava no caixa certo, não virei para olhar, e fui surpreendida com ela ao meu lado, questionando o funcionário sobre a minha presença. Sem graça, ele perguntou em qual fila eu estava, disse que na fila dos idosos. Ele continuou o atendimento e ela voltou para a fila. Pague o valor devido, retirei o meu cartão do idoso da carteira, chegue perto da senhora desatenta, mostrei o cartão e disse calmamente: - Veja, eu posso ser atendida pelo caixa preferencial, é meu direito. Dei as costas e saí calmamente da Agência de Correios.
Cuidar do jardim é o melhor que tenho a fazer nesta quarentena ´pois eventos gratuitos ou a preços populares estão proibidos, e ficar, dentro de casa esperando a morte chegar não é nada agradável, assim, observar o ciclo da natureza sempre a renovar-se ajuda a esquecer o quão dura está a vida desde que o coranavírus aqui aportou. Saí da Agência dos Correios e fui comprar uns bulbos de dália e trevo de quatro folhas, ao adentrar à loja, uma idosa, que pela aparência deve estar próximo de cem anos, sem a menor cerimônia, tirou a máscara e começou a tossir. Fique apavorada! Fiz as minhas compras, voltei para casa, tomei banho, lavei a cabeça, passei álcool gel na bolsa e lavei toda roupa que usava com bastante sabão. Nem estas medidas profilaxias acalmaram os meus nervos, fui ao mercado comprei limão e açafrão da terra para tomar água com limão e açafrão da terra. Segundo a tradição popular, açafrão é antiinflamatório e limão contém vitamina C, que fortalece os anticorpos de defesa. Comprei também rapadura que, segundo os antigos, é fortificante.
Mais tarde, peguei o celular para distrair um pouco com as mensagens de
WhatsApp e tenho o desprazer de ver apenas coisas assustadoras como o arrastão na Cracolândia, na região das ruas Alameda Nothamann
e na Rua Helvetia, quando os usuários
de drogas quebraram vidros de carros e saquearam motoristas, além de ameaçar os
comerciantes. Uma verdadeira cena de guerra e há quem condene a internação
compulsória para tratamento. Além da destruição da própria vida, dos
familiares, ainda dão prejuízos aos
trabalhadores que tanto lutam para
conseguir comprar um carro, um celular. É desanimador!
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