quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

A estratégia do postal

                            Com  o déficit de homens no mercado, as mulheres  que anseiam por um companheiro precisam usar de inteligência e estratégias para afugentar  as rivais  sem que  o escolhido perceba as suas reais intenções. Assim como tantas, Rosalina precisou fazer  uso de algumas artimanhas já utilizadas  antigamente, pela matriarca da família, quando  o casamento era a melhor opção para  o sexo feminino. Quando ela conheceu Raul, ele lhe disse que estava separado, porém,  a  ex-esposa,  permanecia em sua casa de campo por duas razões: não tinha para onde ir e cuidava da propriedade, sendo desnecessário pagar um  administrador, o que era bom para ambos. Embora achasse suspeita a explicação, a jovem não contestou, aparentemente  esqueceu o assunto,  mas esperou o momento propício para sanar a dúvida.  Ás vésperas do dia dos namorados, enviou-lhe um  cartão postal, sem nada escrito, mas com marcas de beijos, feitas com o auxílio de um batom vermelho escuro.

          Após um dez dias da postagem,  ao abrir a sua caixa de e-mail, deparou com uma mensagem do namorado, que estava furioso, pois  aquela que ele dizia sua ex-esposa, fora à cidade fazer umas compras e aproveitou para pegar as correspondências no  Correio  e encontrou o cartão, o que a deixou transtornada e  ao gritos, dizia que o postal, embora não estive  assinado, era sim, dela. E continuou a desfilar seus impropérios, que Rosalina não deveria ter feito isto, porque aquele era o endereço de correspondência da casa de campo, que pertencia a outro municio, que  deveria ter enviado para o seu endereço residencial, e  também,  que não estava sabendo que era seu namorado. E ele tinha certeza, que Rosalina fizera aquilo para provocar a ex-esposa, e que nunca, nunca, nunca mais fizesse isso porque ele já  havia notado que a simples menção do nome de Rosalina altera o equilíbrio emocional dela e que apesar da separação, alguma coisa  relativamente ao psiquismo dela, a prende a ele, o ex-esposo. E para completar, ele alegou que não se sentiu nem um pouco lisonjeado com o recebimento do cartão, porque não aprecia este tipo de correspondência, sem remetente, e que caso o  postal fosse dela ( Rosalina) que lhe explicasse detalhadamente o motivo, já que ele não considera namorado dela. Que ele tem ciência de que muitas mulheres, inclusive ela, nutrem por ele, um amor incondicional,  outras que o odeia com todas as suas  forças e  também  há aquelas  que querem apenas  judiar dele, sem qualquer motivo para fazer isto e ainda há aquelas  que lutam por ele,   mesmo sabendo que  o tempo e a oportunidade  delas passou. Por exemplo, a este último grupo de mulheres, e são inúmeras, estão a Tânia, que ele nunca conheceu, apenas trocaram cartas calientes e faz 25 anos que ela não esquece um dia festivo e lhe envia cartão, agora somente virtual; no momento, com o coração e sentimentos queimados, em face de desavenças amorosas, que fiquem bem claro, que ele  não quer namoro sério, apenas aproveitar a vida de preferência em companhia feminina. Que ao seu lado quer apenas mulheres cultas, livres e situação financeira definida. Finda a leitura da mensagem, Rosalina, fez o que qualquer mulher inteligente e bem resolvida faria: Deletou-o de  sua vida, a estratégia dera certo, suspirou aliviada!

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