terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Cartas violadas

         Houve um tempo em que o meio de comunicação mais rápido era a carta, desde que fosse enviada para o endereço correto, e principalmente, que não houveve ninguém interessado em desviá-la. Havia sempre aquela  romântica  que perfumava a carta e  assinava-a com um beijo. Se algmas destas cartas, ficou esquecida em uma gaveta, qual seria a reação do destinário, na era das redes sociais, reler  uma correspondência, no mínimo de duas décadas passadas?

          Durante o longo reinado das cartas, muitas esposas ciumentas, usavam de artimanhas  para violar a correspondência do marido, como o bico da chaleira, ou  nos casos  raros de  esposos caprichosos, com o auxílio de uma guilhotina, abriam as cartas, exatamente do mesmo modo que eles, para não estragar o envelope e não comprometer o conteúdo,  e após constatar que não havia nada que depusse  contra  o companheiro, espertamente, tentavam camuflar a criminalidade que praticou, porque a lei brasileira garante a inviolabilidade das correspondências, como colar um durex coloridos  nas laterais do envelope para parecer que foi uma decoração proposital. Claro que estas mesmas mulheres, quando  por um acaso, o marido pedia para ela abrir e ler a correspondência dele, elas  constumavam responder com ar bem angelical: - Meu amor, eu não posso fazer isto, elas não são minhas. 

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