sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Caliandra responde

 Cara colunista,

            Escrevo porque estou só, sem a possibilidade de sair para visitar um amigo, quando o dinheiro acaba, os amigos desaparecem, o lazer fica comprometido, e em tempos de pandemia, até a igreja,   que desde sua fundação, sempre esteve aberta aos fiéis, agora está proibida de acolher os fiéis e necessitados. Tudo porque o um vírus estrangeiro aqui aportou, e ao que tudo indica, não tem intenção de levantar âncoras e singrar os mares rumo ao seu destino de origem. O que restou  a nós pobres viventes, dependentes do auxílio emergencial?  Conseguir uma senha de  wi fi dos vizinho,  ler a sua coluna e beber em sua sabedoria, simples e direta,  chegando às vezes, até a ser grosseira e recorremos a sua ilustre pessoa  para aliviar as mazelas do nosso coração porque  nem o CVV, quem saber de pessoas como eu, lá, eles dão apoio moral àquelas pessoas que desejam terminar com a  própria vida, o que não é o meu caso. Eu quero trabalho, saúde e dignidade. Diante das dificuldades inerentes à pandemia, o desprezo da pessoa amada torna-se tão pequeno. As dores do coração são bem menores que a do estômago, quando a fome chega e não há nada  para matá-la, é desesperador e fica a pergunta: é melhor de fome ou de Covid-19?

             Estou profundamente triste! Hoje pela manhã, faleceu o pai de uma colega de  escola muito querida. Ele se foi vítima de um AVC, com apenas 84 anos  de idade. Sempre que um pai se vai  sofro muito.  Pai é  o  porto seguro. A certeza de  se ter para onde voltar! Por eu ter sido   uma criança protegida e  bem cuidada, pelo meu papai amado, eu tenho certeza que posso voltar e isto  é muito bom, dá segurança! E se algum dia ele precisar, largarei tudo e cuidarei dele com o mesmo amor, carinho e paciência, como um dia ele cuidou de mim. Sou-lhe muito grata pela vida e cuidado. Estou buscando qualquer trabalho,  desde que eu receba e tenha condições de botar comida na mesa para a minha família. Li com atenção a sua resposta a uma leitora e arrisco a pedir-lhe uma orientação.  

Talvez pelo acúmulo de tristeza r a fome crônica,  eu não tenha compreendido bem suas orientações. Sei que é um especialista nas coisas do coração,  mas como  és uma estudiosa voraz de vários assuntos, arrisco pedir esclarecimentos jurídicos.

a-     Em se tratados de trabalhadores domésticos, especificamente  cuidador de idosos, com a morte dele, pensei que o funcionário recebesse apenas o fundo de garantia, isto de ter direito a  herança do falecido  é novidade para mim, está nas leis trabalhistas ou é uma generosidade de alguns.   Sempre pensei que direito a herança era somente de familiares de sangue.

b-      Outra questão. Sempre  ouvir dizer que casamento de pessoas mais novas com idosos é com separação total de bens e que inclusive os  herdeiros necessários podem interditar idosos, quando ele desfaz de maneira insensata do patrimônio dos herdeiros.

 

C-  Não estou  tendo dar o golpe em ninguém, é que eu pretendo encontrar trabalho, recomeçar a minha vida e recuperar o meu patrimônio que foi dilapidado pela pandemia.

Hoje, na sala de espera do Posto de  Saúde,  conheci  uma mulher que parece ter saído direto das páginas dos romances de Jorge Amado, ela se sentia a própria coronel do Cacau. Totalmente sem  noção, deslocada no tempo e no espaço e demonstrou interesse na minha pessoa. Tendo detectado esse pequeno distúrbio temporal na distinta devo dar lhe uma chance?

            Cara colunista, em  um passado não muito distante, quando eu ainda era um empresário bem sucedido, comprei de presente para minha namorada na época, o melhor perfume já fabricado no país e a convidei para uma viagem  de quinze dias até a Patagônia , em um luxuoso transatlântico,   viajando sob a bandeira italiana, em  águas internacionais. Com três mil passageiros a bordo, com 24 horas de festas,  restaurantes finos, boites, piscinas e muito mais. Ela recusou e em minha ausência, ela gastou  praticamente todo o frasco do perfume,  usando-o com vários homens, sem distinção de classe social, do caixa do supermercado  ao industrial mais rico da  cidade. Como pode observar,  a fome crônica corrói o meu estomago e as lembranças a minha alma

Leitor sofredor

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