terça-feira, 11 de agosto de 2020

Diário da quarentena- 146º dia

  1.                  Hoje eu saí para fazer uma caminhada sem compromisso com o tempo e foi maravilhoso! Antes da pandemia,  eu nunca tinha percebido que o ato  natural de caminhar é   prazeroso, antes, era apenas um ato mecânico  para ir ao mercado, a igreja, em visitas e atividades de lazer, mas depois de cinco meses privada do meu direito  de ir e ir  eu percebi o valor  da liberdade  e o quanto o andar areja a cabeça, fortalece os músculos e melhora o equilíbrio  físico e mental. Pela primeira vez, percebi a importância dos meus pequenos pés, que sustentam o  peso do meu corpo e levam-me para onde  eu quero, sem medo de tropeçar e cair, apenas com o desejo de chegar a algum lugar porque partir é bom mas retornar ao ponto de partida é melhor ainda. Doravante, a cada amanhar agradecerei a Deus por estar viva e poder desfrutar deste prazer gratuito, de poder tomar decisão como  sair sem destino apenas pelo movimento do corpo, pelo frescor da  manhã e deixar que  meus olhos desfrutem livremente da beleza das árvores, da arquitetura e das vitrines das lojas. São tantas as opções que um simples caminhar  proporcionam que  estou  perplexa por não ter percebido antes estes pequenos prazeres.
  2.             A pandemia fez   a humanidade dar  uma desacelerada  no ir e vir da labuta diária  em busca do pão de cada dia, como também mostrou que sem trabalho  não há  alimento na mesa e que é necessário apenas encontrar um  meio termo, nem tanto ao céu e nem tanto a terra. Equilíbrio! Esta é a palavra chave, mas quando a fome chega o estômago grita, a tendência natural é ir para  um dos extremos da vida o que propicia  o desencadeamento de tragédias. Como ser forte  e equilibrado quando falta comida na mesa. Nestes cinco meses de caminhada em busca da cura para a Covid-19, centenas de cientistas debruçaram sobre o tema   enquanto que milhares de pessoas inescrupulosas  empenharam- se em  ganhar dinheiro de maneira ilícita.  Mas por ora, tudo o que desejo é escolher um novo ritmo   para o meu caminhar, e desfrutar apenas dos pequenos prazeres de observar as folhas secas sendo levadas pelo vento tradicional de agosto, as nuvens  brancas formando figuras   em contrastes com azul anil do céu de inverno, ouvir o sons característicos da grande metrópole e tudo  sem deixar de observar se não há por perto um meliante à espreita. 

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