Quando se
aproxima o Natal, os trabalhadores, arrimos de família, que recebem apenas um
salário mínimo, ou seja, R$880,00 e não
mais acreditam em Papai Noel e chuva de
dinheiro, já começam a calcular, quanto de seus
parcos recursos, poderão ser
destinados aos gastos característicos da época e ainda atender aos pedidos
simples dos pimpolhos. No trabalho,
sempre tem algum colega, cuja renda mensal está um pouco acima e, normalmente, é um dos
primeiros a lançar a ideia do amigo
secreto e da confraternização, quando esta não é oferecida pelo empregador.
O exemplo é de um trabalhador que mora
em uma cidade de médio porte, com um custo de vida menor do que nas capitais ou
de outras cidades de grande porte. Para o
amigo secreto, estipula-se um valor mínimo de R$20,00 e para a contribuição dos comes e bebes, faz-se
um sorteio para saber se deverá levar
bebida, salgado ou doce. È o início do pesadelo financeiro! Supõe-se que o
valor líquido a receber, seja R$600,00. Deste valor, subtrai-se o valor
do presente, que, consequentemente, deve ser acrescido do valor da
passagem urbana que foi gasta para
comprá-lo, ou seja, mais R$7,00 dão adeus à sua carteira, soma-se também mais
uns R$30,00 com o pratinho de salgado, assim , o amigo secreto já está com um
custo aproximado de R$57,00, quase 10% da renda mensal, gasto somente na
comemoração da Empresa. Depois de fazer e refazer as contas e de não querer expor a sua triste realidade,
a única saída é dizer que não gosta de
participar deste tipo de brincadeira, e
que, infelizmente, justamente no dia
confraternização, terá que sair mais cedo, pois já tem outro
compromisso.
No
retorno ao seu lar, cabisbaixo vai refletindo sobre as injustiças
sociais. Um pai de família, que trabalha
oito horas por dia, seis dias por semana, sequer tem condições financeiras para
participar de uma festa com os colegas
de trabalho. Se acreditasse em Papai Noel , o pedido
que faria ao bom Velhinho seria bem simples: Apenas salário digno ao trabalhador, que desse para pagar o aluguel do barracão, conta de
luz, água, pelo menos três refeições ao dia, material escolar para os pequenos
e até uma guloseima no Natal. Suspirando
pensa: Ah! Se na ceia de natal pudesse,
pelo menos comprar um frango para a patroa assar ia ser uma alegria imensa! Felizmente, ainda
existe a Igreja e a Missa do Galo para
dar um pouco de conforto aos corações
daqueles que somente podem contar
com a fé durante toda a sua vida de muito trabalho e pouco dinheiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário