Ah, que desventura em meio a jardins e pragas,
onde o natural se encontra com o desespero humano! Eis que, em minha tentativa
de subjugar os malévolos pulgões que sugam a seiva de meu venerado jasmineiro,
recorri aos serviços de uma joaninha, essa pequena dama que, nos salões do
Éden, deveria ser a heroína das folhas. Contratei-a como consultora em
pestilências, esperançoso de que seu apetite feroz por esses pequenos demônios
trouxesse alívio à minha planta querida, cujas flores, com seu aroma celestial,
embriagam os sentidos dos que por ali passam.
Contudo, ó ironia das ironias, minha joaninha, ao
invés de se deleitar nos banquetes de pulgões que, generosamente, lhe ofereci,
decidiu ela, em sua sofisticação, partir em busca de sustento nas folhas
cobertas de poeira. Ah, essa joaninha é, sem dúvida, uma apreciadora da dieta
'poeira gourmet'! E eu, com o coração pesado, fui forçado a dispensá-la por sua
ineficiência profissional. Afinal, como poderia eu, zeloso jardineiro, permitir
que uma joaninha preferisse a vulgar poeira à alta gastronomia dos pulgões?
Mas as agruras não cessaram. Após essa tentativa
frustrada, decidi consultar as amigas, na vã esperança de colher sabedoria
feminina, mas o que recebi foi apenas a resposta indiferente: "Pesquisa no
Google". Ah, que desolação! A humanidade, outrora rica em conversas e
conselhos, agora se perde nas profundezas do silêncio digital, onde os olhos
estão fixos nas telas e os lábios permanecem cerrados.
Sem alternativas, busquei eu mesmo outras
soluções. Borrifei água de fumo, acreditando que seu amargor repeliria os
indesejados visitantes, mas foi em vão. A seguir, testei a mistura de vinagre e
detergente, acreditando que essa poção miraculosa faria os pulgões fugirem em
terror. Mas, oh desilusão, mais uma vez falhei! E assim, resignado, tomei em
minhas mãos um chumaço de algodão molhado e, pacientemente, removi os malditos
manualmente, um a um.
Quanto à joaninha, após sua demissão, nunca mais
foi vista em meu jardim. Talvez, quem sabe, tenha encontrado um novo lar onde
as folhas empoeiradas sejam mais abundantes e os pulgões menos insistentes. E
eu, ah eu, permaneço aqui, fiel ao meu jasmineiro, pronto para enfrentar as
próximas batalhas, com ou sem a ajuda dos pequenos soldados do Éden.
Nenhum comentário:
Postar um comentário