sábado, 3 de agosto de 2024

Jasmineiro, joaninhae pulgões

       

Ah, que desventura em meio a jardins e pragas, onde o natural se encontra com o desespero humano! Eis que, em minha tentativa de subjugar os malévolos pulgões que sugam a seiva de meu venerado jasmineiro, recorri aos serviços de uma joaninha, essa pequena dama que, nos salões do Éden, deveria ser a heroína das folhas. Contratei-a como consultora em pestilências, esperançoso de que seu apetite feroz por esses pequenos demônios trouxesse alívio à minha planta querida, cujas flores, com seu aroma celestial, embriagam os sentidos dos que por ali passam.

Contudo, ó ironia das ironias, minha joaninha, ao invés de se deleitar nos banquetes de pulgões que, generosamente, lhe ofereci, decidiu ela, em sua sofisticação, partir em busca de sustento nas folhas cobertas de poeira. Ah, essa joaninha é, sem dúvida, uma apreciadora da dieta 'poeira gourmet'! E eu, com o coração pesado, fui forçado a dispensá-la por sua ineficiência profissional. Afinal, como poderia eu, zeloso jardineiro, permitir que uma joaninha preferisse a vulgar poeira à alta gastronomia dos pulgões?

Mas as agruras não cessaram. Após essa tentativa frustrada, decidi consultar as amigas, na vã esperança de colher sabedoria feminina, mas o que recebi foi apenas a resposta indiferente: "Pesquisa no Google". Ah, que desolação! A humanidade, outrora rica em conversas e conselhos, agora se perde nas profundezas do silêncio digital, onde os olhos estão fixos nas telas e os lábios permanecem cerrados.

Sem alternativas, busquei eu mesmo outras soluções. Borrifei água de fumo, acreditando que seu amargor repeliria os indesejados visitantes, mas foi em vão. A seguir, testei a mistura de vinagre e detergente, acreditando que essa poção miraculosa faria os pulgões fugirem em terror. Mas, oh desilusão, mais uma vez falhei! E assim, resignado, tomei em minhas mãos um chumaço de algodão molhado e, pacientemente, removi os malditos manualmente, um a um.

Quanto à joaninha, após sua demissão, nunca mais foi vista em meu jardim. Talvez, quem sabe, tenha encontrado um novo lar onde as folhas empoeiradas sejam mais abundantes e os pulgões menos insistentes. E eu, ah eu, permaneço aqui, fiel ao meu jasmineiro, pronto para enfrentar as próximas batalhas, com ou sem a ajuda dos pequenos soldados do Éden.

 

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