A última chuva do outono beijou o solo em maio de 2024, e com o advento do inverno, o céu se esqueceu de derramar suas bênçãos, deixando o cerrado sedento, as folhas cobertas pela poeira do tempo. Mas, indiferentes à secura impiedosa, os ipês erguem-se com majestade, transbordando em cores e vida, chamando a si os pequenos operários do mundo, as abelhas, que dançam entre flores, tecendo o futuro.
O homem,
por mais que se exalte, cruzando os céus e tocando a lua, é apenas uma pequena
criatura, dependente dos caprichos da natureza e do labor silencioso de uma
abelha. Ah, a natureza, com seus mistérios profundos, é mãe e guardiã de
segredos. Enquanto algumas espécies sucumbem à seca implacável, outras surgem
com vigor do seio da terra. Assim é o algodãozinho do cerrado, que, com seu
brilho dourado, faz um apelo mudo às abelhas, para que elas lhes assegurem a continuidade da vida.
E os
ipês, como fogos de artifício em plena seca, rompem a monotonia do marrom com
suas cores vibrantes — amarelo, roxo, rosa e branco — em uma dança de
renovação. A natureza, em sua infinita sabedoria, oferece aos polinizadores
alimento em todas as estações, nunca deixando que seus filhos pereçam na
escassez. Como é sábia, a mãe terra, que jamais deixa faltar sustento para
aqueles que dela dependem.
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