Rosalina acordou animada e apreensiva,
dois sentimentos contraditórios, mas normais em situações como a dela, que
ficou imobilizada vários dias e agora, em fase de recuperação, quase não depende mais da caridade alheia
para resolver as pequenas tarefas
domésticas. Ela que sempre foi uma pessoa independente e que sempre preferiu
ajudar a ser ajudada, dar em vez de receber está feliz porque consegue sair á
rua sozinha e carregando sacolas leves.
Ir a padaria e ao varejão de frutas, antes
uma tarefa obrigatória e tediosa, hoje executada com alegria. A felicidade de poder andar, mesmo que devagar,
apoiando em uma bengala, mas andando na rua, sentindo o calor do sol em sua
pele, o vento soprando em seus cabelos,
até as árvores das calçadas estavam mais belas
e verdes e lhe pareciam sorrir e dizer-lhe: bem-vinda seja a vida fora de sua
prisão domiciliar.
Após a experiência da imobilização,
Rosalina compreendeu que roupas da moda
e caras, bailes, barzinhos são coisas tão pequenas diante do contentamento de
estar com a saúde perfeita e poder
simplesmente, caminhar sozinha pelas ruas da cidade. Liberdade! Liberdade! Nada
a deixara tão feliz do que, finalmente ter domínio do próprio corpo para locomover-se sozinha.
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