terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Pequena felicidade


          Rosalina acordou animada e apreensiva, dois sentimentos contraditórios, mas normais em situações como a dela, que ficou imobilizada vários dias e agora, em fase de recuperação,  quase não depende mais da caridade alheia para  resolver as pequenas tarefas domésticas. Ela que sempre foi uma pessoa independente e que sempre preferiu ajudar a ser ajudada, dar em vez de receber está feliz porque consegue sair á rua sozinha e  carregando sacolas leves.
          Ir a padaria e ao varejão de frutas, antes uma tarefa obrigatória e tediosa, hoje executada com alegria. A  felicidade de poder andar, mesmo que devagar, apoiando em uma bengala, mas andando na rua, sentindo o calor do sol em sua pele, o vento soprando  em seus cabelos, até as árvores das calçadas estavam mais belas  e verdes e lhe pareciam sorrir e  dizer-lhe: bem-vinda seja a vida fora de sua prisão domiciliar.
          Após a experiência da imobilização, Rosalina compreendeu que  roupas da moda e caras, bailes, barzinhos são coisas tão pequenas diante do contentamento de estar  com a saúde perfeita e poder simplesmente, caminhar sozinha pelas ruas da cidade. Liberdade! Liberdade! Nada a deixara tão feliz do que, finalmente ter domínio do próprio corpo para  locomover-se sozinha.

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