domingo, 12 de janeiro de 2020

Esperando a hora chegar


          A  melhor fase da vida, sem a menor dúvida é a infância, quando se vive apenas o momento e há prazer nas pequenas descobertas diárias, Inicia-se as  perguntas o que é? Depois vem a fase do para que serve? E assim  vai  assimilando a cultura, moldando a personalidade  até chegar a fase do nada aqui presta, tudo que não é meu é o melhor e, para alguns rebeldes sem causa, é hora de ir à luta em busca dos sonhos, que estão longe de ser a construção de uma família unida e feliz, mas dinheiro, festas, prestigio social. Infeliz é aquele que escolhe este caminho!
          Investir toda a energia  na vida laboral  produz uma euforia  temporária porque é uma fase relativamente curta, se comparada com a soma da infância, adolescência e aposentadoria. É  a fase dos egos inflados, rodeados de colegas  falsos, que bajulam  muito, na expectativa de uma indicação; interesses pessoais, disputas prevalecem  enquanto a amizade sincera é negligenciada. Mas o tempo passa, o corpo cansado pede repouso, aposentadoria chega, e com ela, a doença, a  carestia e a solidão.  
          Quem foi hábil, e conseguiu conciliar  trabalho, formação de família e manutenção de amigos de infância é feliz porque têm uma razão para  continuar  a viver. Ajudar na criação dos netos, esperar ansiosamente pelos bisnetos e  compartilhar as mazelas e alegrias da vida com os amigos dá sentido a vida e torna a espera da morte suave como uma brisa vespertina. O  ingênuo que dedicou a sua vida somente a carreira, com a aposentadoria, os  que se diziam amigos desaparecem,  avós, pais e tios já despediram desta vida, e como não se formou laços de afetos com os primos,  perdeu-se  o contato. Surge então uma triste rotina: Apenas cuidar da alimentação e esperar a hora da morte, que sempre tarda a chegar para os solitários.

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