segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Fevereiro, o mês preferido dos pobres


           Há quem diga que fevereiro é o único mês  injustiçado do calendário gregoriano porque foi lhe tirado dois dias para acertar o calendário. Na tradição romana, é dedicado ao deus Frebuus, o purificador. Não se sabe ao certo a sua origem do deus, há relatos que é romano, outros dizem que é etrusco, mas  isto não importa, já que é  o período próprio  para  purificação espiritual, e o mês  ´preferido dos pobres, porque tem dois dias a  menos e, significa economia em comida, energia e água nas contas mensais.
          Ontem foi um dia místico, 02-02-2020-, mas era domingo, dia  em que as pessoas de parcos recursos ficam em casa assistindo televisão, o único lazer que lhes é permitido pela força salarial, ou seja, sem recursos para rituais esotéricos. Mas hoje é dia 03 de fevereiro,  o primeiro dia útil do mês, dia de ir ao banco pagar as contas e ver o que sobra para a compra mensal do supermercado e fazer os cálculos para a possibilidade de  sobrar uns trocados para comprar um par de chinelos novos para os pequenos ou até mesmo um pote de sorvete, que por sinal, de gostosos não tem nada. Quem provou sorvetes dos frutos do cerrados, produzidos pela Frutos de Goiás, jamais consegue  saborear outras marcas, mas isto não é privilégios para  todos porque o preço está acima da média em virtude de sua qualidade. São tantos os desejos e tão pouco o salário. Embora o ensino público  brasileiro  seja de baixíssima qualidade, e em provas de aferição de qualidade e em matemática e português o alunado não tenha atingido o nível satisfatório, na vida prática, as pessoas de boa índole, são espertas nas contas e fazem  verdadeiras acrobacias  financeiras para manterem-se no azul, ou seja, são especialistas em contas de subtração, assim, a lista de compras é:
Sorvete, corta;
Uva, corta;
Queijo; corta;
Manteiga, corta;
Manga, corta,
Alecrim, corta;
Amaciante, corta;
Bom ar. Corta e assim vão cortando até que chegue ao básico do básico.
          Quando, finalmente, a lista está enxuta,  inicia-se  uma outra etapa que  é uma verdadeira aula de português e matemática: a leitura de preços e embalagens. É necessário optar por uma marca mais barata, verificar a quantidade do produto e a data de vencimento, porque em mercados populares e nos tradicionais atacarejos, é comum os produtos estarem próximos a data  de vencimento. Quando finalmente, conseguem pagar a compra, verifica-se que sobrou alguns trocados e a discussão  é reiniciada, o que fazer com o pouco dinheiro que sobrou? Comprar um agrado para os  pequenos? Colocá-lo na poupança para formar um pé-de-meia para alguma emergência futura? Para  os ricos é inimaginável que dois dias  em um mês possa fazer diferença no orçamento doméstico, mas para o pobre é o único mês do ano com a possibilidade de economizar uns  cinqüenta reais.





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