terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

A visita e sua acompanhante


        Nada pode ser pior para uma  pessoa desempregada  e que está estudando para concurso público do que  visitas de finais de semana e por dois motivos  óbvios:
I – Interrupção dos estudos;
II – Custo extra com alimentação.
          Para algumas pessoas com uma folga financeira, pode parecer mesquinhez da parte da anfitriã, regular comida ao visitante, mas somente  quem está em situação de extremo controle financeiro sabe como é duro ter que dividir o   pão. Quando a visita é rápida tudo bem, mas quando se trata de idosos e sem nenhum planejamento, a perda do precioso tempo dedicado aos livros é grande.         
          Era um sábado normal Rosalina acordou cedo, tomou o seu café sem açúcar, com biscoito água e sal e sem manteiga. Ela não é diabética nem obesa e  abdicou do doce  e da cremosidade para  poupar umas moedas. Assim que  abriu  a  apostila, o celular tocou: era uma amiga octogenária  avisando que chegaria em sua casa, dentro de uma hora. Rapidamente, Rosalina revirou bolsas e bolsos em busca de moedas  para que pudesse  oferecer um lanche à visitante. Correu à padaria, pesquisou quitandas em promoção e conseguiu um pão de torresmo  amanhecido, pela metade do preço, com o troco, comprou um bolo de fubá simples. Mais de duas horas se passaram, e nada da  visitante. Ansiosa, sem conseguir concentrar nos estudos, andava de um lado para o outro, ela não tinha nada a fazer a não ser esperar e esperar.
          De repente o telefonou tocou, era a amiga pedindo o endereço porque tinha se perdido, não lembrava o endereço e estava sem dinheiro para chamar um  motorista de aplicativo. E mais espera, até que finalmente,  a campainha tocou, abriu e surpresa:  a visita vinha acompanhada, mais uma boca para alimentar.  Cansadas e famintas, devoram com rapidez os quitutes e narram a aventura, lamentaram a falta de planejamento e depois, de algumas horas, decidiram partir, porém, antes a visita titular avisou que doravante sempre viria acompanhada da amiga porque está com dificuldade de locomoção e sente-se mais segura  com companhia. Rosalina acompanhou-as ao ponto de ônibus, para assegurar que voltariam com segurança para casa. O coletivo atrasou e  foi mais um dia sem estudar. Sem afinco,  obter nota para ficar dentro das vagas do edital, somente por milagre.


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