Quem trabalha em locais de grande fluxos de pessoas,
como Metrô, grandes magazines, sabe que as pessoas somente não esquecem partes originais do corpo porque estas fazem parte de um todo, mas o portador de necessidades especiais é capaz de
esquecer suas muletas, óculos, tipóia,
dentadura e lentes de contato e até cadeira de rodas, este último item, deixa
bem intrigado o funcionário que o encontra. Como pôde o cadeirante, esquecer a
cadeira? Como pôde o responsável pelo transporte esquecê-lo? Vários
profissionais esquecem seus instrumentos de trabalho. Violão, violino, sanfona,
martelo, serrote, alicates, lixas, pincéis, telas, canetas, diário escolar,
pastas com documentos, maleta de
maquilagem e manicura, tesouras e uma infinidade de objetos são levados diariamente para o setor e
perdidos e achados. Será que alguém é capaz de esquecer a gaiola com o passarinho ou
o gato de estimação?
Há quem afirme categoricamente que bichinho de
estimação e filhos são impossíveis de
serem esquecidos porque existe uma relação de afeto; quanto ao animal, se por
algum lapso de memória do proprietário, permaneceu em sua gaiola, em um banco
qualquer até ser encontrado por uma boa alma que lhe dera outro lar, o fato não recebeu atenção da mídia. Bebês
esquecidos em banco de automóveis e que chegam a óbito é muito comum e sempre
ganham grande repercussão na impressa como o caso em que o pai esqueceu a criança no
carro e esta ficou exposta, por horas a um calor de 40º, totalmente indefeso e sofreu sozinho
até o seu último suspiro. Estas fatalidades, quanto mais próximas, mais
chocantes!
È difícil entender como uma pessoa responsável por um incapaz, seja
capaz de esquecê-lo em um banco qualquer? Será um sinal evidente da
desvalorização da vida e da dor do outro? Será uma falha da educação familiar,
religiosa, acadêmica ou política? A quem
diga que a culpa é das redes sociais que absorve e envolve as pessoas. Outros alegam que a
culpa é do capitalismo que suga o
trabalhador. Focar apenas na busca pelo culpado não resolverá o problema, é
necessário procurar estratégias para que
tragédias como esta não se repita
e que sofrimentos e vidas sejam poupados.
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