quinta-feira, 16 de maio de 2019

Filho esquecido


Quem trabalha em locais de grande fluxos de pessoas, como Metrô, grandes magazines, sabe que as pessoas  somente não esquecem  partes originais do corpo porque estas   fazem parte de um todo, mas o  portador de necessidades especiais é capaz de esquecer suas muletas,  óculos, tipóia, dentadura e lentes de contato e até cadeira de rodas, este último item, deixa bem intrigado o funcionário que o encontra. Como pôde o cadeirante, esquecer a cadeira? Como pôde o responsável pelo transporte esquecê-lo? Vários profissionais esquecem seus instrumentos de trabalho. Violão, violino, sanfona, martelo, serrote, alicates, lixas, pincéis, telas, canetas, diário escolar, pastas com documentos,  maleta de maquilagem e manicura, tesouras e uma infinidade de objetos  são levados diariamente para o setor e perdidos e achados. Será que alguém é  capaz de esquecer a gaiola com o passarinho ou o gato de estimação?
Há quem afirme categoricamente que bichinho de estimação e filhos são  impossíveis de serem esquecidos porque existe uma relação de afeto; quanto ao animal, se por algum lapso de memória do proprietário, permaneceu em sua gaiola, em um banco qualquer até ser encontrado por uma boa alma que lhe dera outro  lar, o fato não recebeu atenção da mídia. Bebês esquecidos  em banco  de automóveis  e que chegam a óbito é muito comum e sempre ganham grande repercussão na impressa  como o caso em que o pai esqueceu a criança no carro e esta ficou exposta, por horas a um calor  de 40º, totalmente indefeso e sofreu sozinho até o seu último suspiro. Estas fatalidades, quanto mais próximas, mais chocantes!
È difícil entender como  uma pessoa responsável por um incapaz, seja capaz de esquecê-lo em um banco qualquer? Será um sinal evidente da desvalorização da vida e da dor do outro? Será uma falha da educação familiar, religiosa, acadêmica ou política? A quem  diga que a culpa é das redes sociais que absorve   e envolve as pessoas. Outros alegam que a culpa é do capitalismo que  suga o trabalhador. Focar apenas  na busca  pelo culpado não resolverá o problema, é necessário procurar estratégias para que  tragédias  como esta não se repita e que sofrimentos e vidas sejam poupados.

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