A combinação perfeita para aderir ao misticismo é carestia financeira e a falta de um amor. Nos idos tempo em que a internet, que é o refúgio dos solitários carentes sequer era imaginada pela massa popular, os costumes eram outros, as brincadeiras, as conversas vazias eram o que davam o tom da vida. Uma rotina dura e, foi neste contexto que eu fiz um curso de baralho cigano, na vã ilusão de conseguir ganhar um dinheiro extra e ajudar as pessoas em suas mazelas diárias. Nunca recebi um centavo pelas tiragem de cartas, todos queriam uma consulta grátis, nas horas mais improprias, e foi quando eu descobri eu não era a única pessoa a carregar dentro do peito o vazio existencial. Eu não desenvolvi o dom da vidência, ficava apenas com as interpretações genéricas das cartas; era horrível: aparecia a carta da morte e eu não sabia quem era o próximo da fila, assim, o jeito era sair pela tangente e aconselhar o consulente a rezar para cortar o mal que estava por vir e achei mais prudente abandonar o ofício, mesmo antes de me firmar no mercado e esta, foi a única decisão sábia que tomei em toda a minha vida.
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