terça-feira, 18 de junho de 2024

A sombra da suspeita

        

Ninguém nunca conseguiu entender como Rafael, um homem conhecido por sua sensatez  e inteligência poderia ter casado com uma mulher  que  se vangloriava de ter cuidado do pai, do sogro e do primeiro marido idosos e ambos morreram em seus  braços. Embora idoso, quando eles contraíram núpcias, ele gozava de uma vitalidade acima do esperado  para a sua idade e claro, tinha construído um   patrimônio considerável  para alguém que  não tinha nada, quando contraiu núpcias com a primeira esposa, ao contrário de Zilma, que sempre trabalhou em casas de família, casou com um caminhoneiro e há quem diga que o filho do casal, pode não ser dele. Aparentemente, era uma boa esposa, mas no silêncio do lar, somente Deus é testemunha.   

            As aparências enganam, todos acreditavam que ela cuidava dele com  esmero pois sempre o viam limpo, a casa impecável e a geladeira cheia, diga se de passagem, tudo comprado com o dinheiro dele, seu filho, nora e netos todas as noites lá iam comer. Diante deste quadro, quem iria questionar a dedicação da nova esposa?  Com o passar do tempo, a vizinhança já murmurar  sobre os mistérios da vida, um homem anteriormente tão vigoroso, estava se definhando aos poucos e ela  falava e falava que o levava ao médico mensalmente e que parecia que os não melhoravam sua condição, e que estava desesperada, sem saber a quem mais recorrer.

 Um primo bem próximo a Rafael, ficou intrigado, antes um homem forte e ativo, agora se deteriorava rapidamente e chamou um geriatra, mas  foi uma tentativa frustrada porque  ela  participou da consulta e não deixou que a vítima pudesse  falar com segurança com o médico, porém, este suspeito que ela estava ministrando os remédios de forma errada, prescreveu uma nova receita com os horários certos  e  nunca mais abriu a porta de sua casa ao primo de sua esposa.

Ao contrário do esperado,  ela não seguiu a  prescrição médica e intensificou a sua tentativa de abreviar a morte do marido e, no espaço de três meses, ele faleceu com  infecção generalizada; Os parentes não tinham provas para acusá-la formalmente,  mas ela  a boca do povo ninguém controla e ela ficou na memória da cidade como a mulher que matou o marido e ao contrário do que ela esperava, não conseguiu herdada nada porque eles casaram em comunhão parcial de bens, não adquiriram bens após a união e toda a fortuna dela, foi para o neto. Este foi o castigo dela, ter o peso de uma morte nas costas e não receber nada. E assim, a história da mulher que dava o remédio errado para o marido viveria para sempre na memória daquela pequena cidade, como um conto sombrio de ganância e traição disfarçado sob o véu da bondade aparente.

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