domingo, 31 de julho de 2022

Uma menina chamada Rosalina

 

            Era uma vez uma menina ruiva que se chamava Rosalina, ela era filha de uma jovem senhora, bonita e educada que se chamava Amanda. Sua mãe, sempre que precisava sair de casa, usava uma sombrinha lilás para  proteger sua pele alva, dos raios ultravioletas que causam câncer de pele e lá ia ela pelo caminho, cantando canções  ao vento. Nestes passeios, não havia diálogo entre mãe e filha. Em casa, sim, conversava sobre os deveres de  mães, que são iguais em todos os lugares do mundo:  -  vai escovar os dentes, arrume a sua  cama, a sua mochila. Quem pensa que  as mães somente dão ordem, estão enganados, elas também fazem perguntas: O que você aprendeu hoje na escola? Brincou com as suas amigas? O Lanche estava gostoso e muito mais.

            O  papai de Rosalina era um homem sério e de poucas palavras. Ele usava um bigode estilo ferradura e dizia que era para dar sorte. Ao entardecer, pai e filha  sentavam-se na varanda para apreciarem o retorno das aves ao ninho, e o pai, com uma voz firme e ao  mesmo tempo serena dizia: -    Nascer, crescer e morrer, é a lei da vida!  Mas um pai, nunca abandona uma filha, nem mesmo quando morre, porque ele  continuará a viver no coração dela. Nada separa um pai de uma filha porque eles são unidos com laços de sangue e de amor. Rosalina não entendia o que o seu pai dizia, apenas desfrutava o momento.

            Em uma manhã de primavera, a pequena cidade acordou alvoroçada  com  a  chegada de um parque de diversões. Rosalina gostou mesmo foi do sobe e desce da roda gigante.  Protegida pelas mãos fortes do pai, ela levantava os braços e gritava: Obrigada papai! Sou a criança mais feliz do mundo! Passada a euforia da novidade, caiu em um sono profundo, em uma cama quentinha  e a diversão continuou em seus sonhos infantis. Sonhou que o parque fora invadido por uma revoada de pássaros de cores e cantos diferentes  que dançavam no ar, ao som de seus trinados e vez ou outra, pousavam em seu ombro e lhe bicavam  delicadamente na orelha o que  lhe causava cócegas e  ela ria, ria, até quase desfalecer. Às vezes, fechava os olhos e sentia a brisa fresca em seu rosto e  desejava ter asas para voar como os pássaros e poder pousar  na copa da árvore mais alta da cidade.

            A experiência com a roda gigante do parque de diversões, despertou  na pequena, o amor pelas alturas e ela  disse aos pais que deseja  ser atleta, na modalidade salto com vara. O pai ficou orgulho da coragem da filha e prometeu apoiá-la, já a mãe, ficou  bastante preocupada, por acreditar que é uma atividade perigosa, para uma menina tão pequena.  O que Rosalina ainda não entendia é que as mães sempre querem proteger os seus filhos de todos os perigos do mundo, pois para as mães, os filhos sempre são: “os meus bebês.”

            Um raio de sol entrou pela fresta da janela e Rosalina despertou  feliz e com fome. -Vou preparar o café da manhã  para mim e para os meus pais. Eles também devem estar  famintos, disse a menina. - Eu também quero comer! A garotinha olhou  em volta na direção   que vinha voz, mas não viu ninguém. Pensou que fosse sua imaginação, calçou os sapatos e caminhou em direção a porta. – Espere, eu vou com você, disse o  pequeno duende. Quem é você e o que faz aqui, no meu quarto? Sou  o duende  Mangaba, responsável pelo seu jardim e quero ensinar-lhe como cuidar das  plantas, não há flores faz tempo e isto é muito triste, mas primeiro, quero um pedaço de maçã, nós, os duendes gostamos  muito desta fruta, é a nossa preferida.  Mangaba era  sábio e tagarela, Falava e falava, a menina anotava e anotava as informações.

            A noite chegou de mansinho e uma brisa morna invadiu o quarto de Rosalina, ela não  queria dormir,  estava sem sono, mas os pais nunca entendem isso, a hora de dormir é determinada por eles.  Para se distrair, pegou um livro de astronomia e ficou a admirar a quantidade de estrelas no céu.  – Será  em qual delas meus avós estão morando e olhando para mim, lá de cima?  Ela sentia saudades deles! Sem perceber, os olhos foram se fechando e ela adormeceu.

            Espinhas! É inegável que elas são um  dos piores pesadelos dos adolescentes e com Rosalina não foi diferente. Assim que elas começaram a surgir em seu rosto, ela  ficava horas em frente ao espelho, e a vontade de espremê-las era tão forte que chegava a sentir os dedos das mãos coçarem. A voz da mãe ecoava em sua cabeça  e ela resistia à tentação: - Minha filha,  deixe as espinhas em paz,  não toque nelas para evitar cicatrizes; é da idade e vão desaparecer naturalmente, daqui a alguns anos.  Daqui a alguns anos é tempo demais, pensava a jovem.

            Quinze anos! – Como o tempo passou rápido, outro dia, eu era  uma criança, cujo melhor amigo era um duende de jardim.  Mangaba  nunca mais apareceu e eu não tenho mais tempo de cuidar das flores, tenho outras prioridades, como os estudos, as aulas de dança, montaria e os treinos do salto com varas.   Enquanto refletia sobre as mudanças  naturais  da vida das pessoas, penteava os longos cabelos ruivos, iria usá-los soltos,  em sua festa de aniversário, nada de penteados sofisticados. Neste  dia importante, não queria luxo, somente  se divertir com seus familiares e amigos, sob a proteção de seus antepassados, que com certeza, de alguma estrela  do céu,  a estariam observando orgulhos!

            A virada do ano  na praia, com direito a pular sete ondas, era o desejo de sua mãe, Rosalina desejava apenas desfrutar do contato direto com a água salgada do mar, e no calor do verão, quando o primeiro  raio de sol beijos  as ondas, lá estava ela,   caminhando pela praia acreditando que  a água do  mar levaria embora todas as dores e cansaço do ano. Estava feliz!   Vez ou outra uma gaivota passava em voos rasantes indiferentes à sua presença. Sentia-se livre e feliz. –  A vida se renova a cada amanhecer! Renovada!  Assim estou! Sorriu   e seguiu o seu caminho com os  cabelos ao vento.

           

           

           

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