sábado, 28 de dezembro de 2019

Cerrado: Bioma em extinção




          Rosalina percorre as grandes redes de supermercados, mercadinhos de bairro, feiras livres em busca de  araticum,  uma das grandes  riquezas do cerrado, porém, seus olhos apenas  encontram,  prioritariamente, as frutas que foram introduzidas no país pelos colonizadores: maçã, pêra, uva, laranja entre outras e nenhuma  nativa do cerrado: amora preta, araticum, ananás,  bacupari, buritici, murici, cagaita, cajuzinho do cerrado, gabiroba, gravatá, jatobá, jenipapo, lobeira, mangaba, pequi, pitanga, pêra –do- cerrado entre outras delicias de alto valor nutricional. Desiludida  retorna ao lar, sua tristeza não é apenas por não ter adquirido uma fruta que fez parte de sua infância, mas, principalmente, pela certeza que o não consumo dos frutos  nativos pela população urbana  é uma  perda cultural irreparável e, sinônimo de desmatamento, seja para pastagens ou  monocultura.
          Gritar algo mundo, que é preciso  preservar a biodiversidade brasileira é necessário e importante, mas  não é o suficiente, é preciso atitude individual, de cada cidadão brasileiro. Consumir um fruto do cerrado é mais do que desfrutar de um sabor peculiar: é ajudar a preservar o   bioma e toda a riqueza de sua fauna e flora. É contribuir com a geração de renda  das populações rurais que farão a coleta dos frutos. É ajudar a preservar a caixa d’água do Brasil, por que o cerrado é berço de inúmeras  nascentes.
          A escola e os meios de comunicação  não incentivam a inclusão dos frutos do cerrado na alimentação diária. As famílias, onde se  formam os hábitos alimentares, parece que esqueceram o que um dia aprenderam que uma pequena atitude individual e  diária, se torna grande, quando juntas. Por acreditar nessa premissa, Roslina continua a sua luta diária,  postando em sua redes  sociais,  receitas com frutos do cerrado, perguntando aos feirantes, e quando encontra, faz questão de oferecer às pessoas próximas, talvez ela não possa ver o resultado de sua luta, mas quem sabe num futuro próximo,  o sabor peculiar do araticum possa ser apreciado pelas crianças, em creches, e em todo o país.

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