quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

As quatro estações do ano e o pobre




          As  estações do ano: Verão,  outono, inverno e primavera são quatro subdivisões  climáticas com características particulares e definidas pela natureza, porém, diferentes em cada  hemisfério,  o  post trata-se do sul.  A  sociedade também utiliza critérios para definir as  classes sociais de acordo com  a sua renda per capita. Uma  pirâmide  de renda apresentada pelo DataFolha em 2013, mostrou que 66% das famílias  brasileiras recebem apenas R$2.034,00, ou seja, o Brasil é um país pobre e que não tem condições para usufruir de 100% de conforto durante  as peculiaridade de cada época,  apesar de todos os avanços tecnológicos.
          No Brasil, o verão  tem início em dezembro e finda em março; os dias são longos e   as noites  curtas, ambos  quentes. É a época dos  temporais fortes e rápidos que  normalmente  causam grande inundações e  em algumas regiões há grande incidência de raios. Estação propícia para  o rico veranear e o pobre  sentir-se pagando os seus pecados no  inferno terrestre; em virtude das características de suas residências, cujos  materiais de construção são da marca MB, ou seja, o mais barato, o interior é quente e ele  não  tem  ar-condicionado e o ventilador comprado,  na promoção de inverno do ano passado, não pode ser ligado porque  o arrimo da família não dispõe de recursos para bancar este luxo. No ápice da quentura típica do final de tarde, o filho acalorado avisa: Vou tomar outro banho e já houve um sonoro não. Desesperado  argumenta: - mãe desligamos o chuveiro, uma coisa compensa a outra.  E a  conta de água. Como iremos pagar? Assim, o rebento não vê outra alternativa a não ser  deixar o suor escorrer generosamente pelo  seu corpo.
          Enfim, o outono,  neste período de transição entre verão e inverno, de  março a junho, os dias são mais frescos, tudo parece bem, mas é a época das colheitas e há uma gama de produtos hortifrutigranjeiros  em supermercados,  e puxando a barra da saia, as crianças, ávidas por experimentarem novos sabores, apontam os produtos  e  com  água na boca  imploram à mãe  que os compre. Invariavelmente ouvem a mesma resposta, que já saí automática dos lábios maternos: - Vamos comprar somente  o que  está  em promoção.
          E o martírio do pobre continua no inverno, de julho a setembro. Mesmo aquela família que conseguiu comprar um aquecedor usado ou ganhou o estragado da patroa e  o marido consertou, não pode ligá-lo, já que é um aparelho com alto consumo de energia. Então, se vê obrigada a se proteger do frio apenas com o já surrado cobertor e, ao se recolher para o sono dos justos, em vez de um chocolate quente ou uma nutritiva sopa de legumes, apenas  um copo de água com açúcar e bolachas água e sal , precisam economizar  gás. A exceção somente para os doentes, que tomam o tradicional chá de alho, já que é uma época propícia para   vírus e bactérias  buscarem refúgio no corpo humano, e como as passagens de ônibus urbanos são caras,  não se pode dar ao luxo de ir ao pronto socorro por uma gripe qualquer.
          Com felicidade  o pobre recebe a primavera, suas cores, flores e promessas de alegria. Neste período de transição, entre inverno e verão, as temperaturas são amenas, mas nem por isso a vida do pobre fica mais fácil, já que não pode desfrutar de toda essa beleza, porque ela não está ao alcance de seus olhos. Com o findar do ano, os adultos enxergam  somente as contas que estão por vir: IPTU, matricula dos filhos, material escolar e  a lista dos intermináveis pedidos de presentes de natal. Os jovens estudantes, apavorados com a possibilidade  de recuperação  ou uma reprovação. Com a instabilidade emocional, não conseguem apreciar toda a magia da primavera.  Assim, como as estações  do ano, a vida de 66% da população brasileira segue o seu curso natural desde o início dos tempos porque não dispõe de recursos para usufruir de todo o conforto  oriundo dos avanços tecnológicos.
         
         

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