Pelos encantados e misteriosos caminhos de Minas,
deparei-me com um simpático sapo, desses que parecem saídos das histórias
antigas, onde animais e homens se entendem em silêncios e gestos.
Imediatamente, uma ideia peculiar me ocorreu: por que não contratá-lo como um
aliado natural, capaz de combater as pequenas pragas que insistem em perturbar
a tranquilidade de minha casa? Afinal, no requintado cardápio deste pequeno
guardião habitam aranhas, besouros, gafanhotos, pernilongos, moscas, formigas…
Dizem que um sapo adulto é capaz de devorar, num só dia, o equivalente a três
xícaras cheias de moscas.
E o mais extraordinário de tudo é a proteção que
carrega consigo: a pele desse simpático anfíbio exala substâncias que o guardam
de bactérias e fungos, o que torna a convivência com ele mais segura do que com
os amáveis cães ou gatos. Em minha mente já começo a visualizar este novo
companheiro como um funcionário dedicado, o sapo de olhos serenos e hábitos
noturnos, velando pelo bem-estar de meu lar.
Entretanto, duas dúvidas me tomam o coração:
primeiramente, no equilíbrio da natureza, sei que o sapo é a presa da serpente.
Temo, com isso, que sua presença venha a atrair as peçonhentas para perto de
minha morada, trazendo um risco inesperado. E, quando meu amigo tiver concluído
sua missão de livrar-me das pragas, o que farei? Como alimentarei aquele que,
em sua lealdade e simplicidade, terá conquistado minha estima? Imagino que, com
o tempo, a convivência estreite nossos laços e, ao final, não serei capaz de
“demiti-lo”, pois nossa amizade será mais forte do que qualquer contrato.
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