A doce laranjeira, enfim, vestiu-se de flores pela primeira
vez! Essa planta singela foi plantada a pedido de um velho sábio, cujas forças
já foram minadas pelo peso dos janeiros em seus ombros e pela lida do campo; bem
sabia ele, que toda fartura brota do seio da terra e que a semente lançada ao
solo há de precisar de mãos vigorosas e um coração generoso para florescer nos
campos do amanhã. Agora, das estrelas, ele talvez contemple, com os olhos
plenos de gratidão, a suave beleza de cada florzinha alva, sabendo que, um dia,
seus frutos hão de alimentar alguém – fosse de seu sangue ou não, que importa?
Pois sempre viveu com o propósito de plantar e colher para todos, espalhando
alimento a quem viesse, fosse homem, fosse pássaro, fosse animal. Primeiro
virão as abelhas com seu canto de zumbidos, depois os sabiás e, por fim, os
periquitos esvoaçantes, cumprindo o ciclo que ele tanto prezava. Alimento para
todos: era esse, eternamente, o seu desejo. (IA)
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