sábado, 9 de novembro de 2024

Flores que alimentam o futuro

 

A doce laranjeira, enfim, vestiu-se de flores pela primeira vez! Essa planta singela foi plantada a pedido de um velho sábio, cujas forças já foram minadas pelo peso dos janeiros em seus ombros e pela lida do campo; bem sabia ele, que toda fartura brota do seio da terra e que a semente lançada ao solo há de precisar de mãos vigorosas e um coração generoso para florescer nos campos do amanhã. Agora, das estrelas, ele talvez contemple, com os olhos plenos de gratidão, a suave beleza de cada florzinha alva, sabendo que, um dia, seus frutos hão de alimentar alguém – fosse de seu sangue ou não, que importa? Pois sempre viveu com o propósito de plantar e colher para todos, espalhando alimento a quem viesse, fosse homem, fosse pássaro, fosse animal. Primeiro virão as abelhas com seu canto de zumbidos, depois os sabiás e, por fim, os periquitos esvoaçantes, cumprindo o ciclo que ele tanto prezava. Alimento para todos: era esse, eternamente, o seu desejo. (IA)

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