Como
passar dos anos, percebo que a tristeza que sinto quando parte um parente ou
conhecido para a terra dos pés juntos, o que me entristece não é a perda em si,
mas a certeza que a fila está andando e minha vez há de chegar, e pode ser até
mais rápido do que esperado. Acabo de saber que uma moradora, de um condomínio em que reside
acaba de falecer, enfarto fulminante, na orla da praia.
Para os condóminos, será um alívio
pois ela era proprietária de dois aptos,
residia em um e alugava o outro para complementar a renda e não tinha planos de mudar pois gostava do
local, e da praia, onde passava todo o
dia, em companhia de sua cadelinha
mimosa, que de mimosa não tinha nada, latia que nem uma desesperada, parecia
que passava fome, porém, era cuidada que
nem uma rainha.
A vizinhança e, principalmente o síndico,
devem estar felizes com a passagem, claro que não irão admitir nem no pau de
arara. A razão para tamanha felicidade consiste no fato de que ela era a ‘mestra’ da intriga, calúnia e difamação. Eu,
como já fui vítima da maledicência dela, nem ao enterro irei, só peço a Deus
que receba a sua alma e dê conforto aos
familiares; com certeza, ela era importante para alguém e que o novo tutor da
cadelinha, seja alguém responsável. Hoje foi ela e amanhã, quem será? Quero
deixar claro que estou passando a minha vez.
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