As duas
palavras preferidas das mulheres são
“promoção e liquidação” e Rosalina não é diferente, não por opção, mas por
necessidade, bem que gostaria de usufruir da qualidade da alta costura, mas
enfim, nascer e permanecer na pobreza é sina de muitos infelizes, por mais que
eles trabalhem; este mistério não é explicado nem pela religião e menos ainda, pela ciência e
avançar para a classe social acima da sua, é privilégio de poucos e a nossa
personagem, amarga o destino de viver na
carestia, sempre tendo que optar, ou compra a blusa ou a saia, ou o tomate ou a
alface, ou o sorvete ou a empada. Assim sempre foi e sempre será, desde os
tempos bíblicos. Pobre é pobre e ponto
final!
Em uma
tarde quente de verão, em que perambulava pelas ruas paulistanas, entrou em um
shopping com o intuito de usufruir do ar
condicionado, recuperar as forças e voltar para casa, caminhando, a condução
está muito cara e táxi é para a
Angélica. Enquanto descansava as pernas, seus olhos percorriam as vitrines e eis que deparam com uma placa vistosa que anunciava liquidação de camisas
femininas, qualquer modelo por R$30,00. Estava com fome sim, porém, optou por
pela compra e saiu satisfeita, preço
bom, porém, precisava cortar as mangas.
Foi uma
compra de impulso, abdicou do lanche, deixou o estômago padecendo por algumas
horas, e agora precisava de uma
costureira. Consulta uma amiga, uma vizinha até que conseguiu um ateliê especializado em reparos e lá foi ela,
levando uma blusa de modelo para o
acabamento modelo “francesinha” e a atendente já anunciou o preço,
R$25,00, sendo 50% adiantado, prazo de cinco dias para retirar, ela não se
opôs, e com o restante do dinheiro na bolsa, no dia marcado, partiu para buscar a encomenda.
Entregou
a ordem de serviço, recebeu a sua sacola e pegou a blusa para verificar o trabalho, para sua surpresa, a
manga tinha acabado simples. – Moça, não
foi assim que pedi para fazer, trouxe uma blusa de modelo, e o trabalho foi
executado de outra maneira, disse à
atendente que prontamente respondeu. – A
dona da loja não está, mas pode deixar que nós refaremos o serviço. Por ter
noção de costura, Rosalina sabia que não seria possível e disse: - não dá
para reparar o erro, olha o pouco tecido
para fazer a dobra, porém, a moça não se intimidou e retrucou:
por que você está sendo ignorante comigo, eu não estou me negando a
reparar o erro. E a cliente já irritada respondeu – não estou sendo ignorante,
estou apenas dizendo que falta tecido para fazer a dobra necessária. A jovem
não se deu por vencida e completou – tem as sobras ali. Enraivecida, frustrada
a cliente acrescentou- Sabe de uma
coisa, vou resolver do jeito mas
simples, vou lhe pagar e nunca mais
voltarei aqui, entregou o dinheiro e quando ia saindo, a funcionária a insultou
–Pode ir embora mesmo, não precisamos de
cliente como você.
Rosalina não conseguiu compreender porque o incidente
a deixara tão abalada, talvez, pelo sofrimento de ter perdido o beneficio da
promoção, abriu mão do alimento para
adquiri-lo, não ficou do seu agrado e ainda teve um custo de R$10,00
para levar a peça,R$10,00 para buscá-la
que somado aos R$25,00 do reparo,
mais o custo da blusa de R$ 30,00,
totalizando R$75,00, no qual ela poderia ter gasto em uma peça de mais qualidade e sem dissabores. Pensando em
direitos do consumidor, o certo seria que
funcionária se desculpasse pelo erro e não ofendesse a cliente que não teve a ordem de serviço cumprida a
contento. Maltratar cliente ofendido não é uma boa opção, da mesma maneira que
ela chegou lá por indicação, outras
clientes em potencial não irão
levar serviço por recomendação, e com certeza, Rosalina irá contar à todas as
mulheres de seu círculo de amizades a humilhação sofrida.
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