Quem não admira as mãos dos bebês, que seguram com firmeza o dedo do cuidador? Assim era as mão de Rosalina quando nasceu: pequenas, delicadas e brancas e sua avó não cansava de admira-las. - não têm uma manchinha sequer, dizia com orgulho! Em seu íntimo, a anciã já sabia que tanta beleza em mãos de uma criança não duraria muito porque a labuta da vida no campo é diária e dura e o trabalho não cessa, sol a pino ou chuva torrencial, plantações e animais precisam de cuidados e as mãos são as principais ferramentas da lida diária. Há quem diga que a maior descoberta da humanidade não foi o fogo, mas o uso das mãos!
As
alvas mão de Rosalina começaram a
trabalhar cedo! Sua mãe não produziu leite suficiente para alimenta-la e
segurar a mamadeira foi o seu primeiro trabalho, antes mesmo que se juntassem
em prece, pedindo chuva a Santo Isidoro
Lavrador. E à medida que crescia, as tarefas foram sendo acumuladas, como
arranca ervas daninhas na horta, semear
feijão, aduba-lo, colhê-lo, e tantas
outras. No ritmo da natureza, os anos seguiam
as marcas do tempo foram ficando nas
mãos alvas de Rosalina.
Graças a modernidade impulsionada pelo governo de JK, mudanças
ocorreram no país e na vida das pessoas e o pobre teve acesso, entre tantas
outras coisas, aos cremes para as mãos e para todos os poderes aquisitivo, então Rosalina pode enfim,
cuidar de suas maltratadas mãos, com cremes baratos, disponíveis em
supermercados, já aposentada, recebendo
apenas um salário mínimo e com a responsabilidade de todos os trabalhos domésticos,
porque os filhos abandonaram o ninho,
agora podia se dar a este pequeno
luxo.
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