domingo, 1 de janeiro de 2023

Criaturas infelizes

          Na terra, todos os dias nascem crianças e  cada uma delas, em uma determinada região que está inserida em uma cultura local arraigada que convive em harmonia com a cultura externa, que  adentra a todos os lares graças a tecnologia. Umas chegam ao mundo  graças ao avanço da medicina que consegue efetuar uma fecundação in vitro, foram desejadas e mesmo antes de verem a luz, são amadas incondicionalmente pelos pais que lutaram para tê-las;  outras pobres e indefesas almas são abortadas pelas próprias mães, que negligenciariam  os modernos métodos contraceptivos e não querem  assumir a responsabilidade com a nova vida, por inúmeras razões. Outras infelizes, foram permitidas nascer, o que não quer dizer que foram bem recebidas e cuidadas e por toda a vida carregam uma culpa que não lhes cabe: a de ter nascido.

                 Bebês nascem todos os dias desde sempre, assim sempre foi e sempre será até o final dos tempos da vida terrena. Apesar da gama de circunstâncias em que veem ao mundo, nenhum recém-nascido pergunta se viver vale  a pena e se ele é merecedor  da dádiva da vida. Ele quer apenas  que as suas necessidades imediatas sejam atendidas  com rapidez e presteza,  caso contrário, haja ouvido para aguentar a choradeira. Alguns  são abençoadas, e ao primeiro choramingo,  mãos amorosas e voz doce estão prontas para acalentá-los, enquanto  outros infelizes, conhecem   logo após o nascimento a outra face da vida:  não  são atendidos quando  precisam que as suas necessidades sejam atendidas, e quando o responsável pela frágil criatura de  dispõe  atendê-lo, maltrata-o e  no berço, conhecem a  solidão, que será a sua  fiel companheira por toda a vida.

                Estas infelizes criaturas que os seus genitores apenas permitiram nascer, e não se dispuseram a criaram  com amor e carinho, são apenas vistas, nunca ouvidas, são um peso, uma boca a mais para alimentar e tão logo as condições físicas permite, a elas são atribuídas tarefas que deveriam ser de responsabilidade dos adultos, isto na melhor das hipóteses, porque como  podes ver, caminhando pelas ruas da capital,  muitas estão ao Deus dará, revirando lixo em busca de comida e dormindo na calçada, entregue a divina providência, que também  se esqueceu destas  pobres  e indefesas almas. E  na  fase da vida  que deveria ser a mais bela e feliz, o alicerce da vida adulta é construído  apenas com abandono, fome, tristeza, insegurança e medo e  com todas estas  necessidades não atendidas, elas não desenvolvem a habilidade para identificar um padrão sobre o que merecem e viverão até o final de seus dias em sofrimento. 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário