Na terra, todos os dias nascem crianças e cada uma delas, em uma determinada região que está inserida em uma cultura local arraigada que convive em harmonia com a cultura externa, que adentra a todos os lares graças a tecnologia. Umas chegam ao mundo graças ao avanço da medicina que consegue efetuar uma fecundação in vitro, foram desejadas e mesmo antes de verem a luz, são amadas incondicionalmente pelos pais que lutaram para tê-las; outras pobres e indefesas almas são abortadas pelas próprias mães, que negligenciariam os modernos métodos contraceptivos e não querem assumir a responsabilidade com a nova vida, por inúmeras razões. Outras infelizes, foram permitidas nascer, o que não quer dizer que foram bem recebidas e cuidadas e por toda a vida carregam uma culpa que não lhes cabe: a de ter nascido.
Bebês nascem todos os dias desde sempre, assim sempre foi e sempre será até o final dos tempos da vida terrena. Apesar da gama de circunstâncias em que veem ao mundo, nenhum recém-nascido pergunta se viver vale a pena e se ele é merecedor da dádiva da vida. Ele quer apenas que as suas necessidades imediatas sejam atendidas com rapidez e presteza, caso contrário, haja ouvido para aguentar a choradeira. Alguns são abençoadas, e ao primeiro choramingo, mãos amorosas e voz doce estão prontas para acalentá-los, enquanto outros infelizes, conhecem logo após o nascimento a outra face da vida: não são atendidos quando precisam que as suas necessidades sejam atendidas, e quando o responsável pela frágil criatura de dispõe atendê-lo, maltrata-o e no berço, conhecem a solidão, que será a sua fiel companheira por toda a vida.
Estas infelizes criaturas que os seus genitores apenas permitiram nascer, e não se dispuseram a criaram com amor e carinho, são apenas vistas, nunca ouvidas, são um peso, uma boca a mais para alimentar e tão logo as condições físicas permite, a elas são atribuídas tarefas que deveriam ser de responsabilidade dos adultos, isto na melhor das hipóteses, porque como podes ver, caminhando pelas ruas da capital, muitas estão ao Deus dará, revirando lixo em busca de comida e dormindo na calçada, entregue a divina providência, que também se esqueceu destas pobres e indefesas almas. E na fase da vida que deveria ser a mais bela e feliz, o alicerce da vida adulta é construído apenas com abandono, fome, tristeza, insegurança e medo e com todas estas necessidades não atendidas, elas não desenvolvem a habilidade para identificar um padrão sobre o que merecem e viverão até o final de seus dias em sofrimento.
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