sábado, 1 de outubro de 2022

Outubro Rosa/2022

         

Hoje começa a  campanha de  conscientização para prevenção do câncer de mama com um slogan maravilhoso: “ Quem tem peito tem direito”. No papel parece perfeito, mas para as mulheres periféricas é apenas um sonho  o acesso a este direito em virtude da jornada de trabalho diária de oito horas, somada  a mais quatro horas em trânsito, e o SUS,  em tratamentos preventivos atende somente em horário comercial.

Direito no papel, todos os brasileiros possuem, garantidos pela Carta Magna, e as indígenas, que são as verdadeiras donas da terra, será que sabem que  podem usufruir do direito de prevenção ao câncer da mama?  Hoje encontrei uma senhora indígena da etnia guarani,  que reside na periferia  da cidade, vendendo  mudas de  plantas que colhe no mato   e tivemos um papo leve, mas o que marcou o encontro foi a tristeza de saber que para ela, comprar uma sandália  no valor de R$40,00, é algo totalmente fora de sua possibilidade.

Eu havia prometido  levar um par de sandálias  de plástico, para uma pedinte, que fica  na entrada, mas  hoje ela não apareceu, e para não voltar com o pacote, perguntei a senhora guarani, se ela gostaria de ganhar  o calçado e ela o aceitou com expressão de felicidade no rosto. Comentei que havia comprado a sandália por ser bonita e prática para dias de  chuva, mas que não havia  me adaptado a ela, razão pela qual, estava calçando os crocs, que apesar de feios, são extremamente confortáveis e para minha triste surpresa, ela confessou que achava bonito, porém, caros razão pela qual nunca pode comprar um par.  Quase tirei os do meu pé para ela, só não o fiz porque já estão bem gastos. Mas quero fazer uma economia  e  presentea-lá com um par, neste natal. Que Deus me dê saúde  e trabalho para que eu possa proporcionar alegria àquela senhora guarani.  Este encontrou mostrou que se  o acesso aos direitos constitucionais  é difícil para as  mulheres periféricas,  imagine para a mulher indígena! Outubro Rosa é maravilho  o projeto, porém, a realidade de quem sente na pele a morosidade e dificuldades  da Saúde no Brasil  pode dizer com propriedade. Mulher indígena tem peito, portanto, tem direito.

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